Torcida hostil, reclamação de jogador, gritos dos técnicos. Nem sendo padre Gabriel Balan Leme, 31, escapa de provocações quando troca a batina pelo uniforme de árbitro. "Acaba logo, padre, tá na hora da missa", ele já ouviu de torcedores que queriam desestabilizá-lo em um jogo. O sacerdote não se abala, mas admite incômodo. "Enquanto árbitro, eu estou ali para apitar o jogo. Sinais religiosos são muito caros e valiosos e, às vezes, ouvir coisas como essas, de certa forma, nos chateiam", contou à reportagem. A arbitragem entrou em sua vida justamente para acalmar os ânimos das pessoas. Durante seus dias de folga na igreja, geralmente, às segundas-feiras, ele costumava jogar futebol com seus amigos. Como seu time tinha quatro goleiros, ele se revezavam nas partidas. "Quando era substituído, ficava só observando. Mesmo entre amigos, sempre tinha discussões e brigas. Quando se coloca rivalidade já tem uma oportunidade de conflito. Foi aí que eu decidi apitar as partidas. No começo, falei isso de uma maneira despretensiosa, mas, assim que eu comecei, foi paixão à primeira vista", lembrou.