Foram dois tempos diferentes para o Brasil na estreia do Mundial no Catar, no estádio Lusail, nesta quinta-feira (24), coincidentemente dois tempos distintos do atacante Richarlison. O Pombo, como o atacante brasileiro é conhecido, marcou os dois gols da vitória de 2 a 0 sobre a Sérvia na estreia da Copa do Mundo. O segundo foi um golaço, de voleio. O primeiro dos sete jogos que a seleção brasileira espera disputar para conquistar o hexa exigiu paciência, mas terminou com triunfo.Para analistas consultados pelo POPULAR, o jogo ocorreu exatamente como esperado. Jogo duro, contra uma equipe que marca forte e incomoda no jogo aéreo. Ter concentração foi o diferencial para os comandados do técnico Tite, que conseguiu mudar o comportamento e posicionamento do camisa 9, Richarlison, após o intervalo.O atacante do Tottenham foi centroavante no segundo tempo, jogador de rebote na pequena área, decisivo. Tudo isso depois de um primeiro tempo de muitas dificuldades, não só para ele por causa da forte marcação da Sérvia, mas para toda a seleção.Leia também:+ Jogadores festejam o bom futebol da seleção na estreia contra a Sérvia+ Torcida em Goiânia vibra com vitória do Brasil sobre a Sérvia“O primeiro tempo foi abaixo, realmente. O jogador que ficou abaixo, que o jogo ficou distante dele, foi justamente o Richarlison. Aí o Tite ajustou a equipe. O Brasil passa a produzir, a gente vê o Richarlison sendo centroavante, de rebote, dentro da pequena área. O segundo (gol) foi um golaço daqueles que vamos assistir até o final do Mundial como um dos mais bonitos dessa Copa”, definiu o jornalista da ESPN e Fox Sports, Paulo Calçade.A análise de que a estreia foi segura para o Brasil é positiva por causa do resultado final. Com a vitória, a seleção brasileira larga na frente no Grupo G, com três pontos, e mostra que pode evoluir durante o jogo conforme atuação do adversário. A Sérvia, por exemplo, é conhecida pelo forte jogo aéreo ofensivo.“O Alisson não fez uma grande defesa nesse sentido. O Brasil não permitiu esse tipo de ataque. A minha expectativa sobre o jogo foi totalmente preenchida. Esperava um jogo muito difícil, estreia dura porque é uma equipe (Sérvia) que se impõe fisicamente”, completou Paulo Calçade.Ao longo do ciclo da Copa, uma discussão debatida foi o fato do Brasil não ter enfrentado as principais seleções europeias na preparação para o Mundial no Catar. A resposta, em campo, foi com credencial de favoritismo.“Para uma estreia, foi muito boa a atuação do Brasil. Havia um temor sobre a capacidade de a seleção repetir, contra um adversário europeu, o que fez em âmbito continental e nos amistosos contra equipes asiáticas e africanas, mas me parece que não houve nenhum grande problema em transportar esse desempenho para um embate contra uma equipe mais forte”, falou Gabriel Dudziak, comentarista da Rádio CBN.Tite surpreendeu em partes com a escalação. Ao longo dos últimos anos, foi constante a presença de dois volantes - Casemiro e Fred, por exemplo - nas suas escalações. Para a estreia no Mundial em que o técnico se despede do comando da seleção, optou por Lucas Paquetá como segundo volante e Vini. Jr na ponta esquerda.“O Vinicius (Júnior) foi uma análise do adversário por parte do Tite. Ele entendeu as características do adversário. Conseguiu ver que era preciso ter dois jogadores abertos, com o Richarlison, e foi uma decisão correta. A seleção correspondeu, a tendência é evoluir, mas temos que ficar de olho em como será a questão do Neymar (saiu lesionado). Isso pode fazer a diferença”, salientou Paulo Calçade.O Brasil mostrou pontos positivos, além do aspecto ofensivo. Na análise tática, o setor defensivo poderia ficar sobrecarregado com apenas um volante.“O melhor do Brasil, como já é há algum tempo, foi a capacidade de reagir à perda da bola rapidamente, o que impediu a Sérvia de encaixar contragolpes. Sem contragolpes, ficou difícil para o time europeu chegar perto do gol brasileiro e, por consequência, criar qualquer lance que pudesse servir para jogarem a bola na área brasileira”, descreveu Gabriel Dudziak.O próximo jogo do Brasil será na segunda-feira (28), a partir das 13 horas (de Brasília), diante da Suíça. A principal preocupação é a respeito da situação do atacante Neymar. O craque deixou o campo, sob lágrimas, após uma entorse no tornozelo. Mas, se não puder atuar, a equipe pode evoluir.“Com a bola, acho que o Brasil teve alguns problemas no primeiro tempo porque as distâncias que são grandes para abrir o adversário impediram muitas das sinergias que poderiam desequilibrar uma defesa bem postada. Ainda assim, precisamos lembrar que Vinícius e Raphinha tiveram uma chance cada um. No segundo tempo, esse problema ainda ocorria, mas um lance de Neymar ajudou a quebrar o adversário. Juntar as peças brasileiras é o lance do primeiro gol. Depois, a Sérvia se desmobilizou na marcação e o Brasil poderia ter feito mais gols”, disse Gabriel Dudziak.