Se subir à Série A, o Goiás deve pensar, no futuro, em ter organização administrativa para montar bons times e voltar a ter regularidade na elite nacional, na opinião de personagens que fizeram história pela equipe esmeraldina.Para o atacante Araújo, o ex-atacante Dill, o ex-zagueiro Macalé e o ex-treinador Paulo Gonçalves o Goiás precisa mudar a filosofia interna para, se conseguir o acesso à Série A, montar equipes competitivas, voltar a conquistar títulos e também iniciar uma reconstrução de imagem no âmbito nacional com edições seguidas no Brasileirão.“Não basta subir, tem que ter regularidade de ideias e ações”, disse o ex-técnico Paulo Gonçalves, que treinou o Goiás em nove edições da Série A, incluindo a primeira em 1973.“A chave do sucesso no futebol é ter regularidade, em todos os sentidos. No campo, se o time for entrosado, o futebol vai render. A direção tem que focar em construir times competitivos e isso passa por boa gestão administrativa. Flamengo e Palmeiras são os times milionários hoje, mas o Mirassol mostra que é possível ter sucesso se tiver organização e planejamento. Uma mudança para o Goiás nos próximos anos passa por isso”, comentou Paulo Gonçalves.Zagueiro do Goiás nas sete primeiras participações do Goiás no Brasileirão, entre 1973 e 1979, Macalé acredita que a conquista do acesso à Série A neste domingo (23) será mais uma chance de redenção e oportunidade para o clube goiano reconstruir sua imagem no cenário nacional.“O Goiás passa por alguns problemas nos últimos anos, como a falta de títulos. O acesso é uma chance de redenção, vai ser como se fosse um título, mas não vai resolver todos os problemas. É preciso voltar à Série A, capitalizar dinheiro para não ter problemas financeiros e trabalhar de maneira séria para evoluir nos próximos anos e parar com esse ‘rebaixa, sobe, rebaixa e sobe’. O Goiás é grande e precisa melhorar sua imagem nacionalmente”, opinou o ex-zagueiro que disputou 118 jogos pelo time goiano na elite nacional.A referência de Macalé do “rebaixa, sobe, rebaixa e sobe” é por causa dos últimos anos do Goiás no Campeonato Brasileiro. Nos últimos 15 anos, o time esmeraldino registrou três acessos (2012, 2018 e 2021), permaneceu na Série A por no máximo em três anos seguidos (2013, 2014 e 2015) e foi rebaixado em quatro ocasiões (2010, 2015, 2020 e 2023).Se não subir à elite no domingo (23), o Goiás jogará a Série B pela terceira temporada seguida - a maior sequência do clube, que também foi registrada entre 2016 e 2018.“É o jogo do ano, momento mais decisivo para o Goiás e jogadores. A partida não define só o acesso. Precisam entender que um acesso pode valorizar suas carreiras. Conquista valoriza. O acesso pode elevar patamar, por isso os jogadores precisam lutar pelo acesso e almejar crescimento no futebol”, declarou o atacante Araújo, que fez história pelo Goiás e foi determinante para o acesso do time esmeraldino em 1999. O jogador, aos 48 anos, deixou aposentadoria de lado e voltou a jogar neste ano pelo Porto-PE. Ele marcou dois gols em oito partidas e busca um novo clube para a temporada de 2026.O treinador do Goiás em 1999 foi Hélio dos Anjos, que entende que, caso o Goiás não conquiste o acesso, terá problemas nos próximos anos. “O custo de não disputar a Série A ou não conseguir o acesso vai ser péssimo para o clube, que é grande e caro. A estrutura do Goiás não é simples para manter. A camisa é pesada, então o próprio jogador tem que se motivar mais. Não é de maneira pejorativa, mas hoje, para alguns clubes, estar na Série A é maneira para sobreviver. É o caso do Goiás”, refletiu o treinador, que recentemente foi cogitado para assumir a equipe esmeraldina após a demissão do técnico Vagner Mancini.Atacante dos acessos do Goiás em 1994 e 1999, Dill reforça o discurso de que o Goiás não pode encarar um possível acesso em 2025 como mais um retorno à Série A. “O Goiás precisa recomeçar a trilhar o caminho das vitórias e conquistas. Tem tido poucos títulos, falta um olhar para dentro do clube e entender o que está sendo feito errado para mudar. Outras equipes se planejam e organizam. Não que o Goiás não esteja fazendo isso, mas é preciso algo a mais para o time voltar aos tempos de glórias”, frisou o ex-esmeraldino.O Goiás é o clube goiano com mais participações na Série A. Foram 43, sendo 15 no atual formato dos pontos corridos. “O Goiás não pode só voltar para a Série A, tem de parar de cair e subir. Pelo que o Goiás representa no futebol brasileiro, precisa recuperar o brilho com bons resultados e conquistas. Se voltar, tem que ser para ficar, caso contrário vai continuar com esse descrédito. O Goiás não pode ser lembrado só pelo que fez num passado que já parece distante, precisa construir novas conquistas e mostrar que ainda é grande”, disse o ex-zagueiro Macalé.