Se do lado rubro-negro o técnico Marcelo Cabo tem experiência de sobra em competições estaduais, pelo lado do Goianésia o treinador Luan Carlos chega a sua primeira final de Campeonato Goiano. Em pouco mais de cinco anos na profissão, o jovem de 28 anos mantém o discurso de aproveitar a decisão de maneira leve. No fundo, no entanto, há o desejo de fazer história e buscar o primeiro título estadual.Luan Carlos é estudioso, gosta de acompanhar partidas de Divisões inferiores (Série D e Estaduais) nas folgas e de estar próximo dos jogadores que comanda. Fã de leitura, o técnico trouxe três livros para Goiânia: a obra do Pequeno Príncipe (livro da cabeceira do treinador), A Felicidade é inútil, de Clóvis de Barros Filho, e Míster Mundo: Jorge Jesus, o Flamengo e o incrível ano de 2019, de Bruno Palvarini.Para ele, a final do Goianão 2020 precisa ser tratada de forma simples: o Atlético-GO é o favorito, mas o Goianésia mostrou que pode se superar. Fez isso em meio à pandemia e com menos investimento. O Azulão do Vale adota o discurso de não desistir e superar dificuldades para aproveitar conquistas, como a chegada na primeira decisão estadual.“A responsabilidade de vencer é do Atlético, é o favorito. É constatação, não dá para o Atlético negar, nem o Goianésia. Ao mesmo tempo, temos nossos sonhos. No nosso coração, alimentamos a possibilidade de título. Seria um feito extraordinário e queremos conquistá-lo”, comentou Luan Carlos, que é natural de Ipameri.Foi na cidade do interior goiano que o treinador iniciou sua trajetória no futebol. O sonho, quando criança, era se tornar jogador. Ele tentou, mas não deu certo e decidiu estudar. Aos 16 anos, iniciou o curso de Educação Física na Universidade Federal de Goiás. Formou-se em 2012.“Sabia que a Educação física seria a porta de entrada para o futebol. Em 2008, já estava como auxiliar da rouparia do Novo Horizonte. Conheci o Tarcísio Pugliese (treinador), que me deu a primeira oportunidade como preparador físico, em 2013. Dois anos depois, comecei como treinador interino no Novo Horizonte”, lembrou Luan Carlos, que também passou por Grêmio Anápolis, Uniclinic-CE, Atlético-CE, Floresta-CE, Caucaia-CE, antes de assumir o Goianésia, no ano passado.A família de Luan Carlos ainda mora em Ipameri. O treinador conta que, sempre que consegue dois dias de folga, dá um pulo na cidade natal para ver a mãe (Cida) e a irmã (Fernanda). Em entrevistas depois de jogos marcantes, como foi na semifinal contra o Jaraguá, o técnico cita o carinho pelo interior goiano.“Não podemos esquecer das nossas raízes. Não tenho pressa de chegar, é preciso viver os processos. Mas não posso abdicar das raízes. São elas que vão lembrar das vivências, por mais que muitas pessoas não enxerguem assim”, declarou o técnico do Goianésia, que diz que chegou em um patamar que jamais imaginou ao levar o Azulão do Vale à final do Goianão 2020.“Já cheguei no lugar onde não imaginava. Me via treinando o Novo Horizonte, um dia vestir a camisa do Novo Horizonte como treinador. Mas sempre acreditei nos meus sonhos, com os pés nos chãos. Onde quero chegar hoje? Ser campeão goiano. Depois, caminharei passo a passo para as novas oportunidades que surgirem”, comentou o treinador do Azulão do Vale, que define seu estilo de jogo como intenso.“Não abro mão da intensidade, que os jogadores tenham solidariedade para atacar e defender. Um atleta depende do outro. Construímos essa ideia como uma verdade, os atletas abraçaram e isso ajudou a dar certo. Não é minha ideia, mas nossa. Hoje, o Goianésia tem uma identidade de jogo que começou com minhas ideias e foram adaptadas às ideias que os atletas ofereceram ao time”, explicou Luan Carlos, que procura conversar com os jogadores do Azulão do Vale para melhorar propostas de jogo e até os tipos de treinamentos que serão feitos.