A decisão entre Goiás e Remo pelo acesso à Série A conta com dois treinadores que sabem os atalhos para chegar à elite nacional. Os clubes decidiram mudar suas respectivas comissões técnicas na reta final da competição e escolheram treinadores com experiência em conquistar vaga no Brasileirão. Desta vez, apenas um deles pode ampliar os feitos neste domingo (23).Após demitir o técnico Vagner Mancini, o Goiás decidiu apostar no treinador que é o atual campeão da Série B: Fábio Carille, que estava sem clube desde agosto deste ano. O treinador de 52 anos assumiu a equipe esmeraldina na 33ª rodada com a missão de encerrar a fase de oscilação e levar o time alviverde à elite.Além do acesso com o Santos no ano passado, Fábio Carille participou da campanha do acesso à elite do Grêmio Barueri, em 2008. Ele era auxiliar e foi sua primeira função fora dos gramados após se aposentar no próprio time paulista - ele foi lateral esquerdo e zagueiro.Algumas rodadas antes de Fábio Carille estrear pelo Goiás, o Remo teve a estreia de Guto Ferreira na 27ª rodada. O treinador de 60 anos ocupou o cargo que era do português António Oliveira.Na Série B, o atual técnico do time azulino é conhecido como “Rei do Acesso”, apelido que ele ganhou após a conquista de quatro acessos à Série A: Ponte Preta (2014), Bahia (2016), Internacional (2017) e Sport (2019). Só está atrás do histórico Givanildo Oliveira, que subiu cinco vezes à Série A.Seja recente ou como marca na carreira, o fato de Fábio Carille e Guto Ferreira conhecerem os atalhos para chegar à elite foi o principal motivo para Goiás e Remo contratarem seus atuais treinadores.Os técnicos construíram carreiras de maneiras distintas. Fábio Carille foi jogador de futebol, começou como lateral esquerdo e terminou como zagueiro. Ele teve passagens por clubes como Corinthians, Botafogo-SP, Sertãozinho, Juventus-SP e Grêmio Barueri. Auxiliar por quase uma década, sendo oito anos no Corinthians, Fábio Carille viu os rumos de sua carreira mudarem com a chance de ser efetivo no time alvinegro em 2017. No mesmo ano, foi campeão paulista e da Série A. Ele ainda venceu outras duas edições do Estadual, em 2018 e 2019. As conquistaram mudaram seus status.Fora do Brasil, o treinador teve passagens por Arábia Saudita e Japão. Também comandou o Santos em duas ocasiões, além de Athletico-PR, Vasco e Vitória (os dois últimos foram neste ano, portanto o Goiás é o terceiro clube de Carille em 2025).Por outro lado, Guto Ferreira praticou futebol na infância, mas não esteve perto de jogar profissionalmente. Ele gostava de jogar vôlei na escola.Aos 16 anos, na iminência de ver o projeto de futebol da escola onde estudava em Piracicaba, no interior de São Paulo, acabar por falta de treinador, ele assumiu o comando do time sub-12 e gostou da função. Formado em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba, Guto Ferreira trabalhou durante anos nas categorias de base, com passagens por XV de Piracicaba (onde começou), São Paulo e Internacional entre o final da década de 1980 e início dos anos de 1990.Ele demorou alguns anos para obter as primeiras conquistas coletivas e, já como treinador profissional, levou o Mogi Mirim à Série C em 2011 e a Ponte Preta à Série A em 2014. Depois disso, sua carreira cresceu.Guto Ferreira se tornou conhecido pelos acessos à Série A. Além da Ponte Preta, conquistou à frente do Bahia (o jogo do acesso foi em Goiânia, diante do Atlético-GO em 2016), do Internacional e do Sport, e ganhou apelido de “Gordiola” - ele gosta da alcunha por entender que isso o deixou mais próximo do torcedor.Agora, pelo Remo, o treinador tem a chance de fazer história e se tornar o técnico mais acessos à elite ao lado de Givanildo Oliveira, que tem cinco (apenas na Série B).O atual técnico do Remo, inclusive, teve uma rápida passagem pelo futebol goiano. Em 2023, Guto Ferreira foi treinador do Goiás em 25 jogos, com 72% de aproveitamento por Goianão, Copa Sul-Americana e Copa Verde. Ele foi demitido após a perda do título estadual para o rival Atlético-GO, na Serrinha.Durante o Estadual, Guto Ferreira foi alvo de gordofobia durante transmissão de um jogo do Goiás contra o Atlético-GO, na fase de classificação. O treinador fez críticas aos comentaristas e posteriormente houve um pedido de desculpas da TV Brasil Central ao então técnico esmeraldino.Um contra o outroNa carreira, a decisão do próximo domingo (23), entre Goiás e Remo, será apenas o segundo jogo em que os treinadores vão se enfrentar. No ano passado, Fábio Carille esteve à frente do Santos, enquanto Guto Ferreira era o treinador do Sport. Pela 19º rodada da Série B, o duelo entre os times terminou empatado por 1 a 1 na Vila Belmiro.Desta vez, só a vitória interessa para os treinadores. O Goiás de Fábio Carille depende de si para conquistar o acesso e voltará ao Brasileirão se vencer o Remo. Se empatar, terá de torcer por derrota do Criciúma diante do Cuiabá ou para que a Chapecoense não vença o Atlético-GO.O Remo de Guto Ferreira não depende de si. Para retornar ao Brasileirão em 2026, precisa vencer o Goiás e torcer por derrota do Criciúma que encara o Cuiabá, fora de casa, ou para que a Chapecoense não vença o Atlético-GO.O cenário de pressão e clima de decisão pode influenciar nas posturas das equipes em campo. Guto Ferreira deve armar o Remo para pressionar o Goiás, enquanto Fábio Carille, conhecido pelo estilo retranqueiro (rótulo que ele refuta), sabe como poucos como definir estratégias em que sua equipe se comporta bem defensivamente.Os técnicos possuem estilos diferentes de jogo, mas algumas situações entre eles são comuns: usar triangulações para atacar, potencializar laterais e pontas, além de utilizar cruzamentos na direção do centroavante com frequência.Cada um ao seu estilo, Fábio Carille e Guto Ferreira serão peças cruciais para a decisão entre Goiás e Remo. Os clubes se enfrentam no próximo domingo (23), no Mangueirão, a partir das 16h30, pela rodada final da Série B.