A vacinação contra a Covid-19, a partir de janeiro de 2021, impactou o esporte goiano e sua recuperação durante a pandemia de coronavírus, que, meses antes, havia paralisado atividades em todas as modalidades. Um dos principais fatores foi a sensação de mais segurança, que, com o passar do tempo, trouxe um pouco de “normalidade”, mesmo sem perspectiva de fim da emergência sanitária.O ano da vacina teve a volta do público no futebol goiano, retorno de atividades esportivas e categorias e atuação de atletas que representaram o país nos Jogos de Tóquio, que embarcaram para o outro lado do planeta vacinados.A vacinação contra a doença trouxe mais segurança para à rotina esportiva voltar em meio à pandemia. O retorno à ação dos clubes goianos, em agosto de 2020, ocorreu sem a presença do público. Torcedores só voltaram para os estádios após a redução de mortes e casos de Covid-19, possível também graças ao avanço da vacinação. Em Goiás, a liberação ocorreu no dia 10 de setembro de 2021 em eventos-teste de até 1.500 pessoas, o primeiro passo para jogos com torcida nas praças esportivas. Em 10 de novembro, houve a liberação para uso de 100% da capacidade dos estádios.A experiência de acompanhar um jogo de futebol para o torcedor ganhou a exigência de apresentação, nas entradas dos estádios, do comprovante de vacinação contra a Covid-19 ou exames negativos da doença de testes específicos - RT-PCR ou RT-Antígeno. Uso de máscara foi obrigatório, assim como o álcool em gel.Clubes tiveram de adaptar os estádios com orientações da Secretaria Municipal de Saúde. Avisos sonoros e placas orientativas passaram a fazer parte dos novos sons e imagens dos locais.“A volta do público foi importante demais para os clubes. A vacina tem um papel fundamental nesse retorno, o Brasil teve uma ampla adesão e vacinação em massa. É uma segurança a mais para aqueles que frequentam os estádios. Os estádios, os eventos já estão cheios, a cobertura de vacinados é muito alta no nosso país. Acredito que (agora) seja muito mais a retomada do hábito das pessoas. Aqui no Vila Nova, estamos sempre dispostos a colaborar com as autoridades naquilo que pudermos”, analisou o vice-presidente do Vila Nova, Leandro Bittar.Os clubes da capital não fizeram campanhas frequentes para divulgar a vacinação contra a doença. Isso ocorreu em dias de jogos, em especial quando parcerias foram firmadas com a prefeitura de Goiânia para a presença de vans de vacinação em frente aos estádios um dia antes ou na data das partidas. Não houve também exigência e dados exatos da vacinação de funcionários e elencos no trio Atlético-GO, Goiás e Vila Nova.“Quem vai ficar aqui (jogadores) foi vacinado. Em quem vai chegar, vamos fazer a triagem para analisar. Tem gente no clube (funcionários) que já vacinou três vezes. Sinto que o Brasil é um dos países que mais vacinaram no mundo. Isso traz segurança, não só para nós e torcedores, como geral. Espero que as doses de reforço ajudem a resolver o problema”, afirmou o presidente do Atlético-GO, Adson Batista.“Não temos esses dados (de vacinados no clube). A vacinação não é uma exigência. A única exigência para atletas são os exames que constam nos regulamentos das competições”, completou o vice-presidente do Vila Nova, Leandro Bittar.A volta do público no futebol ocorreu de maneira gradual. Iniciou com eventos-teste com 1.500 torcedores, teve aumento para 30%, posteriormente para 50% e, por fim, veio a liberação da capacidade máxima e presença de torcedores visitantes.Todos os eventos-teste de Atlético, Goiás e Vila Nova tiveram a presença de fiscais da Vigilância Sanitária, que sinalizaram sobre aglomerações, alguns problemas de sinalização das obrigações dos torcedores nos estádios. Nenhum clube foi multado e proibido de jogar sem torcida por causa das observações dos agentes, por terem sido resolvidas nos jogos seguintes. Houve correções, mas as cenas de aglomerações e pessoas sem máscaras na arquibancada também foram frequentes.A vacinação contra a Covid-19 foi importante para o retorno das disputas de outros esportes no estado. Com a presença de público, o Campeonato Goiano de Futsal teve jogos masculinos e femininos, de 15 categorias do sub-7 ao profissional, em Goiânia e no interior. A Superliga masculina também tem um representante goiano, o Goiás Vôlei, que passou a jogar com público. Outras atividades foram retomadas com abertura ao público.A Secretaria Municipal de Esporte de Goiânia organizou eventos de ciclismo na capital, participou da criação da Copa Master de Futebol, do Campeonato Goiano de Downhill e levou o “Esporte para os bairros” com a prática de modalidades como futsal, basquete, vôlei de quadra, vôlei de areia, tênis, natação, futebol society, handebol, jogos pré-desportivos (fundamentos e brincadeiras educativas) e paradesporto.“Com o aumento das vacinas, a rotina voltou a ser modificada. Os protocolos mais seguros foram revistos e as atividades esportivas foram gradativamente voltando à realidade. Isso se deu por causa do aumento de pessoas imunizadas. Começou com academias, parques e depois as competições, que posteriormente receberam público com o aumento da vacinação em Goiânia”, lembrou o secretário de esporte de Goiânia, Álvaro Alexandre.Outro impacto direto da vacina no esporte goiano e de modo geral ocorreu nos atletas que representaram o Brasil nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio. O evento seria disputado em 2020, com data original em 24 de julho, mas foi adiado para 23 de julho de 2021 por causa da pandemia. Atletas conviveram com a incerteza da disputa, já que, no período, os números da pandemia não apresentaram queda que passassem tranquilidade.O Comitê Olímpico Internacional não fez da vacinação uma exigência para quem fosse a Tóquio. As delegações do Brasil receberam doses doadas pelo COI antes dos inícios das disputas no Japão. No Brasil, era um momento de vacinação ainda voltada a grupos prioritários.A goiana Adria de Jesus, medalhista de bronze no Japão, no vôlei sentado, foi uma das vacinadas. Recebeu as duas doses da vacina Pfizer antes das partidas em solo asiático. “Foi uma conquista fundamental para que os jogos ocorressem. Depois de tudo que vivemos e das incertezas, a imunização me deu mais segurança para competir. A sensação foi de felicidade e alívio”, declarou a levantadora de 38 anos.Para 2022, clubes de futebol, atletas e lideranças do esporte no estado esperam que os números da vacinação aumentem e atividades esportivas sigam sendo disputadas, retomada e ampliadas. Há, no entanto, uma preocupação inicial com o crescimento de incidência da variante ômicron.“Já interferiu diretamente na Europa e nos Estados Unidos nas grandes ligas, com paralisações, adiamentos e vários jogadores contaminados pela nova cepa da Covid-19. Temos de manter a precaução e atenção. É hora de ter cautela, acompanhar a evolução no Brasil e em Goiânia para tomarmos decisões no futuro”, avisou o secretário de esporte de Goiânia, Álvaro Alexandre.Dois campeões, temporadas diferentesAs alterações no calendário do futebol forçadas pela pandemia do coronavírus fizeram o Campeonato Goiano ter ano totalmente atípico e, em 2021, conhecer dois campeões. O Goianão 2020 foi retomado em janeiro e, em 27 de fevereiro, o Atlético-GO foi campeão em cima do Goianésia, após decisão por pênaltis. No dia seguinte, o Estadual 2021 começou e, em 23 de maio, o Grêmio Anápolis, também nos pênaltis, sobre o Vila Nova, foi campeão goiano pela primeira vez na história. O Goiano Feminino foi retomado em 2021, após um ano de hiato, e também viu um campeão inédito, o Vila Nova. Depois de ser disputada por apenas quatro equipes em 2020, a Divisão de Acesso teve seis participantes e foi marcada pelo retorno de duas equipes da região Sul do estado à elite: Goiatuba (campeão) e Morrinhos (vice-campeão). A 3ª Divisão foi retomada. Cerrado e Aseev subiram.Ano que se tornou olímpicoO ano de 2021 se tornou olímpico com o adiamento dos Jogos de Tóquio-2020. Entre 23 de julho de 8 de agosto, mais de 11 mil atletas de 206 equipes disputaram 339 eventos esportivos da Olimpíada, realizada sem a presença de público. O Brasil fez sua melhor campanha em uma única edição dos Jogos e terminou na 12ª posição na classificação geral, com inéditas 21 medalhas, 7 de ouro, igualando o recorde da Rio-2016. Rebeca Andrade foi uma das estrelas, com a conquista de um ouro (salto) e uma prata (individual geral).Dois goianos com títulos nacionaisEm período de uma temporadas emendada à outra, 2021 foi ano que conheceu dois campeões da Copa do Brasil, dois campeões de cada uma das divisões do Brasileiro, além de outras competições.É por causa do calendário que o futebol goiano viu duas equipes campeãs nacionais em 2021: o Vila Nova, campeão da Série C 2020 em 30 de janeiro, e a Aparecidense, que conquistou a Série D 2021 em 13 de novembro.O Goiás começou o ano rebaixado no Brasileiro 2020 e terminou com o vice da Série B 2021, retornando à elite.O Atlético-GO conquistou duas vagas na Sul-Americana: com o 13º lugar de 2020 (50 pontos) e o 9º lugar de 2021 (53 pontos), as duas melhores campanhas do clube nos pontos corridos.Depois do título na Série C e de superar um certo risco de novo rebaixamento, o Vila Nova terminou a Série B em 9º lugar.