O meia Shaylon e o Atlético-GO encerraram, nesta quinta-feira (21), a relação de três anos e sete meses marcada por títulos, gols importantes, alguns pênaltis desperdiçados e as críticas da torcida atleticana, por último. Porém, o jogador deixa o Dragão com legado de profissionalismo, boa convivência com funcionários e colegas de trabalho e uma das passagens mais longas dos últimos atletas que passaram pelo clube no período de reconstrução atleticana, a partir do final de 2005.O destino de Shaylon será o Mirassol-SP, caçula e sensação da Série A nacional - 6º colocado no Brasileirão. A expectativa é de que ele possa respirar novos ares no interior paulista e recuperar o bom futebol apresentado no Atlético-GO.“Shaylon teve o momento dele. Foi importante. Mas, com o tempo, foi se desgastando. Neste momento, a saída foi boa para ele”, comentou o presidente do Atlético-GO, Adson Batista. Segundo o dirigente, a fase e os resultados ruins do time não podem ser atribuídos ao camisa 10. O dirigente lembrou que Shaylon poderia ter deixado antes o clube. “Sempre confiei nele, na qualidade técnica e fui verdadeiro. Não posso jogar na conta dele os insucessos (do time). Ninguém faz nada sozinho nem pode ser culpado sozinho”, acrescentou o presidente, que sempre fez questão de elogiar o profissionalismo do atleta e a confiança de que pudesse voltar a jogar em alto nível. Fato é que a relação deu muito certo no começo. A história não é confirmada, mas há evidências de que Shaylon já estava acertado para voltar ao Goiás, em 2022, inclusive com a camisa de apresentação pronta, quando houve o interesse atleticano. Houve o acordo, a mudança de rota e o acerto de Adson Batista na contratação. Tanto que Shaylon foi o único titular do time nos três títulos do inédito tri do Campeonato Goiano(2022, 23 e 24).Na primeira temporada (2022) pelo Atlético-GO, Shaylon atuou numa das melhores formações do time, ao lado de Ronaldo, Dudu, Wellington Rato, Gabriel Baralhas, Marlon Freitas, Jorginho e Luiz Fernando, que voltou ao clube a partir de maio daquele ano. O clube foi campeão do Goianão com vitória na Serrinha (3 a 1) sobre o Goiás e um belo gol de Shaylon, ao driblar Tadeu com o “rolinho” e finalizar quase sem ângulo.Aquela equipe foi rebaixada na Série A, mas deixou saudades. Shaylon também fez golaço de perna direita sobre o Defensa Y Justicia (Argentina) pela Copa Sul-Americana.Em 2023, o meia teve boas atuações no Goianão, foi bicampeão, mas desperdiçou pênalti na final contra o Goiás (defendido pelo goleiro Tadeu). Ele se recuperou do erro, atuou em grande nível e, ao lado de Baralhas, Ronaldo, Luiz Fernando, Gustavo Coutinho e Alix Vinícius, conquistou o acesso à Série A com o chamado “returno perfeito” na Série B daquele ano.Na temporada passada (2024), as assistências e os gols foram decisivos para o tri do Estadual. Shaylon teve números superiores ao do belga Kevin De Bruyne, segundo o site Sofascore, no início daquele ano. Em entrevista exclusiva ao POPULAR, ele se lembrou das origens no futsal, da importância dos pais, Jaci e Diana Cardozo, professora de Educação Física e ex-jogadora de futsal, na formação dele.Porém, Luiz Fernando terminou o Estadual pelo segundo ano seguido como artilheiro, além de ter sido eleito o melhor jogador da edição, tirando nas rodadas finais a premiação que poderia ser de Shaylon. Ele nunca falou abertamente, mas ficou abatido.A situação piorou quando, na estreia na Série A, com o Serra Dourado lotado, errou outro pênalti – a bola bateu na trave no jogo em que o Dragão perdeu do Flamengo (2 a 1). O time foi rebaixado na Série A de 2024. No recomeço, em 2025, o camisa 10 perdeu outra penalidade, na estreia do Estadual, no empate (0 a 0) com a Jataiense. Voltou a bater mal na decisão de vaga na Copa do Brasil, diante do ASA-AL (1 a 1 e vitória atleticana 6 a 5 nos pênaltis).Além da temporada não estar boa, Shaylon ainda sofreu a pior lesão muscular na carreira, na rodada inicial da Série B, na vitória de 4 a 2 sobre o Athletic-MG. Foram quase dois meses inativo, mas ele conseguiu se recuperar clinicamente. Só que o bom futebol não foi repetido. Por isso, houve a negociação para a saída amigável dele do clube, no qual atuou 193 vezes e marcou 34 gols, com direito a postagem carinhosa nas redes sociais do Atlético-GO. Sem o meia, que também atuou como ala esquerdo e atacante de lado, a vaga de substituto fica em aberto, apesar de Robert ter atuado com a camisa 10. O Dragão se reforçou com o meia-atacante Jean Dias, tem o meia Ariel e, desde a tarde desta quinta-feira (21), passou a ter o meia Radsley no elenco.