O volante Luizão, de 27 anos, mostrou versatilidade na vitória (2 a 0) do Atlético-GO sobre o Amazonas, no último domingo (31), no Estádio Antônio Accioly. Oportunista, o jogador aproveitou a bola na área para marcar o primeiro gol atleticano. Mais do que isso, iniciou o jogo como volante, foi recuado à zaga na vaga de Wallace e terminou o jogo na lateral direita no lugar de Dudu, substituído nos minutos finais.Pacote completo de um jogador que tem se identificado com a torcida atleticana, o clube e aquilo que se exige no futebol atual, ou seja, ser capaz de se adaptar ao desenrolar de uma partida, do que taticamente é definido pelo treinador e naquilo que o atleta pode oferecer em campo.Luizão diz que não tem vaidade. Prefere trocá-la pela voluntariedade e simplicidade. Por isso, não se importa em desempenhar mais de uma função. O jogador é volante, mas já atuou como “8” (meio-campista mais avançado), na lateral e até como extremo. Quando atuou no futebol ucraniano, pelo Vorskla, o treinador pediu para que jogasse aberto, como extremo num jogo com o Shakhtar Donetsk. Cumpriu à risca o que fora solicitado e o time venceu. Os treinadores do futebol europeu costumam pedir isso aos atletas. “As escolas são diferentes, você tem de seguir a filosofia dos técnicos e dos clubes.”Em 2021, ao chegar ao Bahia, em que ficou pouco tempo, Luizão teve como cartão de apresentação o fato de se colocar à disposição da comissão técnica para atuar em mais de uma posição. Na passagem pelo Radomiak Radom (Polônia), continuou se multiplicando nas funções em campo.A leitura de jogo é fundamental, pois a troca de posição em uma partida implica em se situar rapidamente naquilo que terá de desempenhar. Para Luizão, parte da desenvoltura vem dos tempos de base no São Paulo, no qual foi zagueiro e volante. Segundo ele, o início do treino já era diferente. “Nosso aquecimento durava uns 20 minutos. Era feito com bolinha de tênis. Depois, fazíamos trabalhos alternados”, cita o jogador. Segundo ele, um “x-tudo” no desenvolvimento do potencial individual. “Eu tento fazer bem feito. O futebol vive uma constante evolução, é difícil conquistar o espaço no campo de jogo, pois é muito combate, muita força física o tempo todo”, disse.No Dragão, Luizão marcou dois gols. Além deste contra o Amazonas, o outro foi no empate (1 a 1) com o Cuiabá, no 1º turno, quando apareceu como elemento surpresa, atrás da zaga, para tocar de primeira.Além das virtudes para ser um multifunções, Luizão também se preparou para as mudanças e exigências do extracampo para sobreviver no mundo da bola. Ele é natural de São Paulo, cresceu no CT de Cotia, da base tricolor, mas passou por três países e culturas diferentes. Foi jogador do Porto B (Portugal), se transferiu para o Vorskla (Ucrânia) e, antes do Atlético-GO, jogou pelo Radomiak (Polônia).No total, Luizão calcula cerca de oito anos no exterior. “Já joguei como menos 15, 16 (graus) na Ucrânia”, lembrou. No frio e na neve, o jogador tem de usar luvas, camisas e calções térmicos, estar bem aquecido. Um costume, segundo ele, é esfregar pimenta moída entre os dedos do pé. “A vida de jogador de futebol exige adaptação às situações. Nossa carreira tem mudanças e eu já esperava por isso”, disse Luizão. Agora, o jogador vive no calor do Centro-Oeste, sob sol quente e baixa umidade neste período do ano.Quando foi para Portugal, Luizão conheceu no Porto o atacante Galeno (ex-Trindade, Porto e atualmente no futebol árabe) e o lateral Inácio (ex-Inhumas). Galeno tem selo de qualidade internacional e fez fama. “Eles me ajudaram muito, estenderam os braços. Somos amigos”, recorda Luizão.Luizão passou por uma experiência marcante no nascimento do primeiro filho, Valentin, atualmente com 2 anos. “O meu filho (Valentin) nasceu no dia 1º de janeiro (2023). Eu tinha de viajar (para a Polônia). Só pude vê-lo por uma hora na maternidade, antes de pegar o avião”, cita, lembrando que só quatro meses depois passou a ter companhia do garoto.Isso se deu porque ela e a mulher, Danielly, decidiram pelo nascimento do menino no Brasil. Curioso é que, paulista de origem e migrante no mundo do futebol, Luizão tem o lado goiano em família - o outro filho, Lucca, de seis meses, coincidentemente nasceu em Goiânia, pouco tempo depois do polivalente jogador fechar contrato de duas temporadas com o Atlético-GO (até 2026) - foi anunciado em janeiro pelo clube rubro-negro.Em Goiânia, Luizão e a família estão adaptados. Ele revela que saem pouco, mas elogia a hospitalidade e a organização de alguns lugares frequentados, como alguns restaurantes, pois neles há espaços próprios para os meninos brincarem. “Eu estava com saudades da comida brasileira. Aqui, é uma maravilha”, elogia.