Por causa de uma dívida de quase R$ 260 mil com o Ceará, o Vila Nova pode ser impedido de registrar jogadores em 2022. A direção colorada espera não sofrer o transfer ban, que é a punição imposta pela Fifa, e aposta em tentativa de acordo e prazo para quitar o valor oriundo da venda do zagueiro Patrick William, que jogou no Tigre em 2019 e foi vendido para o futebol português. À época, a diretoria executiva, que tinha Ecival Martins como presidente, não repassou 40% do valor da transferência. Hoje, o valor que o time vilanovense deve ao Vozão é de R$ 254.903,29.O clube colorado segue em tratativas jurídicas com a equipe cearense na tentativa de entrar em acordo para pagar o valor que aumentou em mais de seis vezes do valor original de 2019, que era de 40 mil euros. O POPULAR procurou o presidente Ecival Martins, que preferiu não comentar sobre o tema.A equipe colorada ainda não foi notificada da data limite para o pagamento, mas a condenação foi sentenciada pela Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) no dia 30 de junho deste ano. O montante de mais de R$ 250 mil inclui cálculos por não ter repassado os 40% da venda de 100 mil euros, juros, correção e custos de honorários advocatícios.“Saiu a condenação (em junho), mas o Vila não foi intimado para pagar devido a um pedido de esclarecimentos feito junto ao CNRD (protocolado pelo clube goiano na tentativa de entrar em acordo com o Ceará). Assim que passar o recesso do final do ano, acredito que na segunda quinzena de janeiro, nós devemos ser intimados. Aí vamos ter um prazo para o pagamento, nos manifestar e podemos pedir uma audiência de conciliação também”, explicou o advogado do Vila Nova, Rodrigo Menezes.Caso não pague a dívida, o Vila Nova pode ter a premiação da Copa do Brasil 2022 bloqueada e até mesmo ser proibido de registrar futuras contratações, mas o “transfer ban” não deve ocorrer na atual janela de transferências porque o clube ainda não foi notificado de até quando poderá efetuar o pagamento da dívida. Para o transfer ban ocorrer, o clube teria de ser notificado, não pagar o valor e o Ceará teria de protocolar um pedido para para o banimento de registro de contratações junto à Fifa, que então pode proibir a equipe goiana de registrar atletas. A liberação só ocorre quando a dívida é quitada. O caso é o mesmo que o Cruzeiro sofre atualmente. O clube anunciou dez reforços para 2022, mas não pode registrar os atletas porque deve R$ 15 milhões ao Defensor, do Uruguai, pela compra do meia De Arrascaeta, em 2015.O zagueiro Patrick William jogou em 15 partidas no Vila Nova em 2019. Ele chegou inicialmente por empréstimo junto ao Ceará e recebeu, durante a passagem pelo clube goiano, uma proposta do Famalicão, de Portugal. A diretoria vilanovense procurou o Vozão, que autorizou a venda. A rescisão contratual foi feita junto ao clube cearense, o defensor assinou um contrato com o Tigre, que ficou de repassar 40% do valor da transferência para a equipe alvinegra, o que não foi feito.Desde o início de 2021, o presidente Hugo Jorge Bravo tenta entrar em acordo com o Ceará para o pagamento da dívida. O mesmo é feito entre os departamentos jurídicos dos clubes. “Nós até oferecemos para eles (Ceará) vir nos visitar para observar atletas em troca da dívida. Eles estão fazendo jogo duro”, salientou o advogado vilanovense.Rodrigo Menezes explicou que essa questão será uma das prioridades para o clube resolver no início de 2022, assim que receber a intimação da CNRD. “O Vila tem outras dívidas, mas estão sob controle. Hoje não tem nada que nos pegará de surpresa. Desde o início do ano estamos cientes deste caso, a gestão do Hugo (Jorge Bravo) não tem dívida trabalhista, mas ainda sofremos com os anos anteriores. Hoje temos um plano de pagamentos, são cerca de R$ 100 mil mensais destinados em um convênio junto à Justiça Trabalhista, mas fazemos acordos individuais também”, contou o advogado do Vila Nova, que disse que as dívidas pagas por meio de acordos com a Justiça são mais antigas, 2011, por exemplo, e que acordos individuais são recentes, de 2018 e 2019.