O Goiatuba está a dois jogos de um salto de qualidade e de uma façanha na história do clube do sul goiano: a da conquista do acesso à Série C. A vitória (2 a 0) fora de casa, na tarde do último sábado (23), sobre a Aparecidense, garantiu o Azulão nas quartas de final da Série D, para decidir a vaga à Terceirona nacional contra a Inter, de Limeira (SP).As duas equipes quadrifinalistas se enfrentaram na 1ª fase, no Grupo A7, com vitória do time paulista em Goiatuba (3 a 1, na abertura da chave) e triunfo goiano no interior paulista (1 a 0, no fechamento da 1ª etapa). Agora, nas quartas, o Goiatuba disputa o primeiro jogo em casa no final de semana, no Estádio Divino Garcia Rosa, e decide o futuro como time visitante, no Estádio Major Levy Sobrinho, no início de setembro.Nas quartas de final, o Goiatuba se destaca por ser um time com capacidade de vencer e reverter situações adversas fora de casa. Na 1ª fase, goleou o Cascavel-PR (4 a 1), bateu o Cianorte-PR (3 a 2), o Itabirito-MG e a Inter-SP (ambos por 1 a 0). Na 2ª fase, se classificou em Porto Alegre, com triunfo (2 a 1) sobre o São José-RS. Para avançar de fase, venceu fora a Aparecidense (2 a 0), após derrota (3 a 2) no sul.“Nós conhecemos o confronto (contra a Inter-SP). Afinal, jogamos duas vezes, antes. O nosso time se deu bem fora porque tem toque de bola, é bom na criação, sabe jogar nos bons gramados”, explicou o presidente do clube, Osvaldo Neto, de 38 anos, ex-jogador de base na cidade e com passagem pela base da Ponte Preta. Osvaldo ainda disputa torneios amadores na região e conta que, ano passado, atuou ao lado de Moraes Júnior (que estava suspenso e atualmente está no Goiás) e do atacante Leandrinho num time varzeano.A força como visitante é um traço do Goiatuba versão 2025, que leva adiante o projeto de reconstrução do clube. “Esta situação (quartas de final) em que chegamos é reflexo do que fizemos antes, no passado. Conquistamos títulos da 3º Divisão (2019), da Divisão de Acesso (2021 e 23), caímos uma vez (2022, da elite goiana à Divisão de Acesso), mas não deixamos de trabalhar”, destacou o dirigente.Segundo Osvaldo, mesmo que não tenha seguido a carreira como jogador profissional, foi possível aprender os “segredos do vestiário”, saber como funciona a engrenagem de um clube, a formação de elenco competitivo e a boa gestão da comissão técnica.Na boa campanha da Série D, o clube apostou no atacante Alex Henrique, autor de sete gols na competição e com currículo de campeão e artilheiro pela Aparecidense, em 2021. Além dele, o Goiatuba contratou o técnico Augusto Fassina para livrar o clube do risco de descenso no Estadual. Por pouco, Aparecidense e Goiatuba não foram rebaixados.“No Goiano, nosso time era muito reativo. Quando entreguei a equipe ao Augusto (Fassina), ele conseguiu fazer com que ela jogasse. Na Série D, cresceu”, comentou Osvaldo Neto.Na preleção antes do jogo decisivo, Fassina argumentou que cada ser humano precisa entender o “sentido da vida”. “O sentido da vida é quando você consegue colocar em você não só este sentido material, mas de um objetivo. Na conquista material, podemos juntar tudo que for possível. Mas no final da vida, vamos ficar com as mãos cruzadas no peito, descer para debaixo da terra e deixar tudo para trás”, citou. O “sentido da vida”, segundo o treinador, é ficar marcado por algo que construiu, mesmo na adversidade, como na trajetória do Goiatuba.Com um atacante (Alex Henrique) mais velho que o presidente e o técnico, o Azulão se prepara para decidir e brigar pelo acesso com a Inter-SP. Os dois clubes conquistaram títulos estaduais há algum tempo - a Inter-SP foi campeã do Paulistão (1986), enquanto o Goiatuba ganhou o Goianão (1992). Ambos perderam força depois, mas passam por processo de reconstrução.“Quando assumimos o Goiatuba, em 2019, não tinha sequer uma bomba para encher bola. O clube devia muito na cidade, não tinha crédito”, lembrou o presidente do clube.Segundo ele, a torcida abraçou o time. Na vitória em Aparecida de Goiânia, muitos torcedores se deslocaram para empurrar a equipe para marcar dois gols no segundo tempo - com Marcos Calazans e Bruno Nunes.Na volta para Goiatuba, outra parte da torcida esperava pela delegação no Ninho do Azulão para a festa na noite de sábado (23). O elenco festejou a vaga, mas inicia a semana com a agenda cheia para o jogo em casa sem desfalques.