(Fábio Lima) Mesmo com avanços nas últimas décadas, muitas mulheres ainda enfrentam lacunas sérias nos cuidados de saúde que vão além da gestação. De acordo com a Secretaria da Saúde de Goiás, entre 2019 e 2022 foram realizados cerca de 465 mil atendimentos voltados ao público feminino, incluindo consultas ginecológicas, partos e serviços ambulatoriais. No mesmo período, mais de 333 mil mamografias foram feitas, parte delas em regiões mais distantes, com o apoio de programas como as Carretas da Prevenção e as policlínicas estaduais. Apesar do esforço, especialistas alertam que a detecção precoce de doenças como o câncer de mama e o de colo do útero ainda depende da conscientização e da oferta regular de exames, fatores que nem sempre alcançam comunidades periféricas. Outro desafio é a mortalidade materna, cujas causas poderiam em grande parte ser evitadas com cuidados contínuos e de qualidade antes, durante e após a gravidez. Levantamento do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, mostra que em Goiás, apenas em 2022, foram registrados 55 óbitos maternos, sendo que 87% poderiam ter sido evitados. Para especialistas, os dados reforçam a necessidade de enxergar a saúde da mulher como um ciclo integral, que passa não apenas pela maternidade, mas também pela atenção cardiovascular, metabólica, ginecológica e mental ao longo de todas as fases da vida.