De hora em hora, um ônibus, geralmente vazio, sai da frente da Estação Ferroviária da pacata cidade de Bayeux, na Normandia, e começa a percorrer caminhos tortuosos do norte da França, passando por vilarejos, estradas rurais estreitas, atravessando paisagens que denotam imensa paz. Imensa paz hoje, porque 80 anos atrás essa mesma região era o palco daquela que foi a maior mobilização militar anfíbia da História. Na manhã de 6 de junho de 1944, um exército formado por vários países, num total de aproximadamente 155 mil homens, começou a descer em cinco praias da Normandia, depois de cruzar o Canal da Mancha em 7 mil embarcações, apoiados por 11 mil aeronaves, trazendo 50 mil veículos, incluindo mil tanques. Era o Dia D e ele mudou os rumos da Segunda Guerra Mundial. Deixando Bayeux, o ônibus urbano vai recolhendo e deixando passageiros que moram nas vilas edificadas naquele litoral que oito décadas atrás presenciou uma verdadeira carnificina nos embates entre Aliados e as tropas nazistas, que reagiram tenazmente à investida dos inimigos. O veículo passa por vilarejos que naquela época foram devastados durante a luta. Seguindo para o nordeste, chega-se à aprazível Arromanches-les-Bains, balneário que hoje abriga o Museu do Desembarque, com direito aos restos de alguns dos navios e pontes móveis usados para a movimentação dos soldados. Ali fica a Praia Gold e nela chegaram, sobretudo, os soldados britânicos. Para o oeste estão as pequenas Saint-Laurent-sur-Mer, Colleville-sur-Mer e Vierville-sur-Mer. Foi ali que uma porta do inferno se abriu naquele dia.