Seja pela manhã, no fim de tarde ou antes de dormir, a servidora pública Raimunda Delfino dos Santos Aguiar, de 40 anos, tem um chá para cada momento do dia. No meio da manhã, gosta de preparar chá-mate com limão para consumir tanto quente quanto bem gelado ao longo do dia. O momento do pôr do sol é quando a chaleira recebe a maior variedade de ervas e raízes: capim-santo, folha de laranjeira, gengibre ou uma mistura especial criada por ela, que leva cravo, erva-doce e hortelã. Já no período da noite, entre o jantar e a hora de dormir, o corpo pede calma com a infusão de camomila ou erva-doce, que às vezes vem acompanhada de uma bolachinha.Em sua rotina de trabalho presencial, Raimunda está sempre acompanhada da garrafa térmica cheia de chá. “Gosto de levar bastante para ir tomando ao longo do dia, mas também para dar para todo mundo. Tem gente que vai na minha sala só para tomar chá”, conta. Agora que está trabalhando em sistema de home office, prefere fazer cada dose na hora. “Tenho uma chaleira com a medida de uma xícara exata; então, prefiro ir fazendo ao longo dia, quando dá vontade”, explica.O hábito de tomar chás no dia a dia veio da infância, por incentivo dos pais. Eles, sempre tomando café; para as crianças, eram oferecidos chás de plantas e ervas que tinha no quintal de casa. Hoje, mesmo fazendo chás várias vezes ao dia, a praticidade dos sachês não se sobrepõe aos ingredientes frescos na casa de Raimunda. “Fico um pouco desconfiada sobre o que realmente tem ali, além de achar pouca quantidade para o chá que eu gosto. Compro o mate, a erva-doce e a camomila a granel em lojas de produtos naturais”, diz. Já para os que levam cravo e suas folhas, capim-santo, folha de laranjeira e de limão, ela pega direto do quintal.Um dos incentivos para ter os chás tão presentes em sua vida, segundo ela, é por não tomar refrigerantes. “Não tomo refrigerante de espécie alguma. Acho que é uma forte razão para eu tomar principalmente chá gelado com frequência. Acho gostoso e muito prático, mais até do que fazer sucos”, explica, frisando não ter o costume de adoçar as bebidas. “Muito raro pôr açúcar; às vezes, coloco um pouco de mel. Mas gosto do sabor deles sozinhos, como o de capim-santo”, completa.Grandes aliados, mas com cautela“Mesmo trazendo diversos benefícios, os chás precisam ser consumidos de maneira correta e na quantidade adequada. Tudo em excesso pode ser prejudicial”, explica a nutricionista Fernanda Resende. “De maneira geral, o que a gente recomenda é o consumo máximo de quatro a cinco xícaras por dia. Mas isso pode variar, por exemplo, de acordo com os tipos”, diz.Com tantos benefícios advindos de ingredientes naturais, a ideia de que se pode abusar dos chás acaba sendo algo comum. “Um exemplo: o chá preto possui propriedades termogênicas, ou seja, aceleram o metabolismo. O excesso desse chá pode causar o aumento da pressão arterial, resultando em taquicardia e podendo, ainda, aumentar a ansiedade”, explica. Já no caso do chá de camomila, mesmo tendo propriedades calmantes, em excesso pode causar sonolência, náuseas e vômitos.Uma sugestão da profissional é se atentar aos horários para fazer as melhores escolhas. “Na parte da manhã, optar por um chá termogênico para acelerar um pouco o metabolismo; na parte da tarde, um chá digestivo; à noite, quando já finalizamos nossas atividades do dia, consumir um chá mais relaxante”, recomenda. O ideal é consumir a bebida da forma mais natural possível, a partir de plantas desidratadas ou frescas. “Realizar o processo de infusão, que é acrescentar a água quente e tampar o recipiente, e consumir sem nenhum tipo de adoçante, nem açúcar nem mel”, destaca.Chá que cura tudo, chá seca barriga, o segredo das estrelas - não é difícil encontrar essas chamadas por aí. A nutricionista ressalta que não existe milagre com chás, muito menos com combinações. “Os chás entram como um auxílio, junto com a boa alimentação, rotina e hábitos saudáveis e de atividades físicas. Por serem naturais, também não existem efeitos imediatos, sendo necessário consumi-los dia a dia, de forma contínua.”Além da atenção com a pressão alta e possíveis adversidades com chás termogênicos, gestantes e idosos também precisam ter atenção redobrada. “Os chás termogênicos, como o de canela, podem ser abortivos na gestação. Também não são indicados para aqueles que já possuem quadros de ansiedade”, explica. As propriedades das plantas e raízes adquiridas em chás podem auxiliar tratamentos medicamentosos, mas exigem acompanhamento. “É preciso ver que tipo de interação medicamentosa ocorre. O efeito do medicamento pode ser retardado ou, até mesmo, inibido por determinados chás.”ALGUNS CHÁS E SEUS BENEFÍCIOSChá-mate:&nbsp;termogênico, acelera o ritmo cardíaco, estimula a parte física e mental e auxilia na digestão. Recomendação: pela manhã e à tarde.Camomila:&nbsp;propriedades ansiolíticas, calmantes, digestivas e anti-inflamatórias. Recomendação: à tarde e à noite.Hortelã:&nbsp;melhora a digestão e as contrações musculares do estômago, alivia náuseas, enjoos e gases intestinais. Recomendação: o dia todo.Erva-doce:&nbsp;melhora o funcionamento intestinal, é expectorante, diurético, digestivo, auxilia no estímulo do apetite. Recomendação: o dia todo.Erva-cidreira:&nbsp;propriedade calmante, ajuda nos estados gripais, reduz efeitos das cólicas. Recomendação: à tarde e à noite.Verde:&nbsp;ação termogênica, proporciona mais energia que a cafeína, diurético e tem ação anti-inflamatória. Recomendação: pela manhã e à tarde.Branco:&nbsp;possui mais concentração de polifenóis. Ação termogênica, diurético, anti-inflamatória, antigripal, antioxidante. Recomendação: pela manhã e à tarde.Boldo:&nbsp;facilita o trabalho da vesícula biliar, ajuda na digestão de gorduras, combate dores estomacais, ajuda no funcionamento do fígado. Recomendação: o dia todo.Hibisco:&nbsp;ação termogênica, diurética, facilita a digestão e auxilia na regulação do intestino. Antioxidante e anti-inflamatório. Como ele é bastante diurético, o excesso pode levar à eliminação de eletrólitos importantes, como potássio e o sódio. Recomendação: pela manhã e à tarde, no máximo 400 ml por dia.

Aliados da saúde, os chás possuem propriedades calmantes, termogênicas ou medicinais

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Saúde

Um par de tênis, uma dose de determinação e lá estão eles, conquistando ruas, pistas e trilhas e traçando seu próprio caminho de superação. Corredores profissionais e amadores fazem da corrida de rua um dos esportes mais populares dos últimos anos. Mas para muitos essa narrativa de superação pode dar lugar a um enredo nada agradável: dores persistentes, lesões traiçoeiras e a frustração de ter que interromper os treinos. Fascite plantar, canelite, tendinite patelar e fraturas por estresse são apenas algumas das sombras que rondam os corredores.

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A gerente financeira Bruna Elisa, de 26 anos, sentiu na pele o impacto de uma lesão. Influenciada por um amigo, ela começou a correr em outubro de 2023. A primeira crise de canelite, porém, surgiu após uma prova de 8 quilômetros, quando sentiu uma dor leve na parte interna da canela, mas decidiu ignorar: “Achava que ia passar com o tempo. Na época, parar ou desacelerar para mim eram duas coisas que nem passavam pela minha cabeça.” Mesmo com o incômodo crescente, seguiu correndo até não conseguir mais manter o ritmo proposto pelo treinador. Só então procurou ajuda médica e descobriu uma lesão.

“Para mim, treino bom era aquele em que eu terminava exausta”, admite. Ela se comparava com outros corredores e não entendia a importância do descanso. Após uma prova em que forçou além do limite, desenvolveu edema ósseo e muscular e precisou se afastar da corrida por mais de um mês. Nesse período, iniciou fisioterapia, adaptou a musculação com foco em fortalecimento e passou a incluir mobilidade nos treinos. Seguir os exercícios adequados propostos pelo professor também foi fundamental. Hoje, ela reconhece que a recuperação foi um processo de aprendizado sobre os próprios limites.

Adaptação 

A maioria das lesões entre corredores acontece justamente porque o volume e a intensidade dos treinos aumentam de forma abrupta, sem a devida adaptação do corpo. Falta de fortalecimento muscular, uso de tênis inadequado e negligência no descanso também são fatores que contribuem para problemas como tendinites e fraturas por estresse. A canelite, segundo o ortopedista Alexandre Albieri, do Hospital Israelita Albert Einstein Goiânia, é caracterizada por uma dor na parte da frente e interna da perna, podendo variar de intensidade até causar inchaço e dificuldade para se movimentar.

O problema atinge corredores que aumentam o volume de treinos abruptamente, sem orientação adequada. “As principais causas incluem sobrecarga mecânica, uso de tênis inadequado e falta de avaliação da mecânica da corrida”, explica. A prevenção envolve fortalecimento muscular, progressão gradativa e escolha correta do equipamento. Quanto ao tratamento, Albieri enfatiza que “o repouso é mandatório para evitar a progressão da lesão”, além de fisioterapia, uso de analgésicos e um retorno gradual às atividades de impacto.

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A fascite plantar é outra vilã silenciosa. Uma inflamação no tecido fibroso que sustenta o arco do pé, ela costuma punir aqueles que ignoram o fortalecimento e a recuperação. “Os corredores mais atingidos são os que treinam grandes volumes sem alongamento adequado, usam tênis errados ou carregam um pouco mais de peso do que deveriam”, explica o ortopedista. O desejo incontrolável de correr mais e mais, sem permitir que o corpo se adapte é um fator de risco. Para os ansiosos, a lição é clara: treinar sem respeitar os limites naturais do corpo é um convite para a frustração.

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Leandro Alves de Oliveira: "O mais importante é respeitar os sinais do corpo. Se houver dor no quadril, é fundamental interromper o exercício e focar no fortalecimento muscular" ()

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No universo das lesões menos óbvias, a tendinite do glúteo médio se destaca. Mulheres, especialmente as que passaram anos sedentárias e de repente decidiram abraçar a corrida, são as vítimas mais frequentes. “O mais importante é respeitar os sinais do corpo. Se houver dor no quadril, é fundamental interromper o exercício e focar no fortalecimento muscular”, alerta o ortopedista Leandro Alves de Oliveira, especialista em quadril. Aqui, a musculação deixa de ser um complemento e se torna uma salvaguarda indispensável.

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Junichiro Sado Junior: "O preparo muscular antes de iniciar os treinos é essencial" ()

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No joelho, a batalha é contra a tendinite patelar e a síndrome da banda iliotibial, duas condições que parecem castigar os mais apaixonados pelas pistas. “O preparo muscular antes de iniciar os treinos é essencial”, afirma Junichiro Sado Junior, ortopedista especialista em joelho. Para aqueles que insistem em desafiar a lógica da progressão gradual, o pior cenário pode se materializar: a fratura por estresse. Pequenas fissuras nos ossos, invisíveis no início, podem se transformar em verdadeiros abismos, exigindo longos períodos de recuperação e, em alguns casos, até cirurgias. “Correr é um ato de paciência tanto quanto de esforço”, pondera o médico Leandro Alves de Oliveira.

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As mais temidas&nbsp;

Confira as lesões que mais atingem corredores e aprenda como evitá-las&nbsp;

Fascite plantar 
Inflamação na fáscia plantar, tecido fibroso na sola do pé, causando dor ao caminhar e correr. Afeta corredores com alto volume de treino, sobrepeso, pés com deformidades e uso de tênis inadequado. A principal causa é a sobrecarga mecânica sem descanso adequado. A prevenção inclui fortalecimento, alongamento, rodízio de calçados e pausas para recuperação. O tratamento envolve repouso, fisioterapia, anti-inflamatórios e, em casos mais graves, injeções de corticoides.&nbsp;

Canelite 
Caracteriza-se por dor na parte interna da perna devido à sobrecarga mecânica e pode evoluir para edema e limitação funcional. Afeta corredores que aumentam bruscamente o volume de treino ou iniciam a corrida sem progressão adequada. A principal causa é a falta de fortalecimento muscular e de avaliação biomecânica da passada. A prevenção inclui treinos progressivos, uso de calçados adequados e fortalecimento da musculatura envolvida na corrida.&nbsp;

Fratura por estresse da tíbia 
Microfraturas na tíbia causadas por impacto repetitivo, frequentes em corredores de alto volume que não respeitam a recuperação muscular. A dor é progressiva e piora durante a corrida. O problema é agravado por treinos excessivos, falta de fortalecimento e biomecânica inadequada. A prevenção inclui rodízio de tênis, controle de carga de treino e fortalecimento.&nbsp;

Tendinite do glúteo médio 
Inflamação do músculo responsável pelo equilíbrio e estabilização do quadril, causando dor ao pisar. É mais comum em mulheres devido ao quadril mais largo e menor massa muscular. A sobrecarga ocorre em quem inicia a corrida sem preparo muscular adequado ou exagera nos treinos. A prevenção envolve fortalecimento dos membros inferiores e musculação antes de iniciar a corrida.&nbsp;

Fratura por estresse do colo femoral 
Microfratura no quadril causada por impacto excessivo, afetando corredores de longa distância. Ocorre dor na virilha, que pode se agravar ao caminhar. A causa principal é a sobrecarga sem períodos adequados de recuperação. A prevenção inclui fortalecimento da musculatura do quadril e controle da carga de treino.

Impacto femoroacetabular 
Atinge corredores jovens (20-30 anos) e causa dor na virilha, podendo levar à artrose precoce. Ocorre devido a uma alteração óssea no quadril que resulta em atrito excessivo nas articulações. O problema se agrava com treinos intensos sem reforço muscular adequado. O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações.&nbsp;

Tendinopatia patelar 
Inflamação do tendão patelar devido ao excesso de treinos sem pausas adequadas. Afeta tanto corredores amadores quanto profissionais. A progressão rápida da intensidade dos treinos e a falta de fortalecimento muscular são as principais causas. A prevenção inclui musculação para preparar os joelhos antes de iniciar a corrida.&nbsp;

Síndrome da banda iliotibial 
Inflamação na lateral do joelho, causada pelo atrito repetitivo da banda iliotibial com o fêmur. Afeta corredores sem fortalecimento muscular adequado, especialmente os que correm em superfícies inclinadas. O problema é agravado pela falta de alongamento e preparação prévia.

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Fontes: Médicos ortopedistas Alexandre Albieri, Leandro Alves de Oliveira e Junichiro Sado Júnior

Conheça quais são as lesões mais comuns que atingem corredores profissionais e amadores e saiba como evitá-las

No meio do caminho

Ainda na adolescência, a médica Isadora Barbosa Mota, 32, percebeu a presença de algumas varizes e vasinhos nas pernas. A culpa era do handebol. Na família também havia predisposição genética para o problema, mas não era nada preocupante. As varizes deixaram de ser uma questão apenas estética quando ela começou a trabalhar como médica, em 2019, e a enfrentar longos plantões, onde ficava muito tempo em pé. A sobrecarga resultou em dores intensas e sensação de peso nas pernas, além de inchaço, impactando sua qualidade de vida.

“Por causa dos plantões, reduzi drasticamente a prática de atividade física, passando por um período de sedentarismo, o que me fez perceber ainda mais o aumento das dores”, conta. Ela procurou uma cirurgiã vascular, que a orientou sobre as opções de tratamento. Isadora optou pela cirurgia após esclarecer suas dúvidas, superando receios relacionados ao procedimento e à anestesia. A cirurgia, realizada em dezembro de 2022, foi um sucesso, com uma recuperação rápida e sem dor significativa.

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Além da retirada das varizes, Isadora também fez escleroterapia e laserterapia para tratar vasinhos finos, o que resultou em melhora estética e alívio das dores. Após a cirurgia, ela passou a usar meias de compressão e a seguir práticas preventivas, como fazer pausas durante os plantões e evitar sedentarismo. Especialistas explicam que o tratamento precoce das varizes pode ser crucial para melhorar a qualidade de vida.

A demora em buscar tratamento para varizes pode agravar significativamente o quadro da doença, que é crônica e progressiva. Muitas pessoas deixam de procurar ajuda médica por não perceberem a gravidade do problema, considerando-o apenas estético. Cirurgião vascular do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia - Iris Rezende Machado (HMAP), Juliano Santos explica que as varizes evoluem em estágios. “Inicialmente, surgem pequenos vasos visíveis, conhecidos como telangiectasias, sem sintomas significativos. Com o tempo, veias mais calibrosas se dilatam, causando desconforto e edema. Se não tratadas, podem levar à hiperpigmentação da pele, inflamação crônica e até úlceras varicosas”, esclarece.

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Além disso, a estase sanguínea - desaceleração ou interrupção do fluxo sanguíneo - favorece a formação de coágulos, o que pode evoluir para trombose venosa superficial e, em casos mais graves, para trombose venosa profunda (TVP). Atualmente, o tratamento para varizes está disponível pelo SUS. Somente no HMAP, são realizadas aproximadamente 400 cirurgias anuais. Números da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular apontam que pelo menos 38% da população apresenta a doença.

O cirurgião vascular Adelian Araújo Branquinho explica que o exame doppler - tipo de ultrassonografia que utiliza ondas sonoras para avaliar o fluxo sanguíneo nos vasos sanguíneos - é fundamental para avaliar as varizes, permitindo ao médico identificar o grau da doença e planejar o tratamento adequado. “A partir desse exame, é possível localizar safenas dilatadas, vasos incompetentes e outras anomalias, o que permite personalizar o tratamento para cada paciente. O diagnóstico precoce previne a evolução da doença e a necessidade de intervenções mais agressivas, além de evitar complicações graves, como úlceras e pele machucada”, orienta.

Tratamentos menos invasivos

O avanço tecnológico permitiu tratamentos menos invasivos e mais eficazes para as varizes. O laser endovenoso substituiu muitas cirurgias tradicionais, reduzindo o tempo de recuperação e proporcionando melhores resultados estéticos e funcionais. A esclerose com espuma, que consiste em injetar uma espuma na veia doente, o que provoca a sua cicatrização e redireciona o fluxo sanguíneo para veias saudáveis, tem sido uma alternativa segura para pacientes que não podem se submeter a cirurgia, eliminando veias de forma química.&nbsp;

O acompanhamento regular é essencial, pois varizes são uma condição crônica e progressiva. “Mesmo após o tratamento, novos vasos podem surgir, tornando fundamental o monitoramento contínuo para ajustes no manejo clínico e prevenção da recorrência. Além disso, o acompanhamento médico garante que o paciente mantenha hábitos saudáveis e utilize corretamente os recursos terapêuticos disponíveis, assegurando a qualidade de vida a longo prazo”, explica o médico Juliano Santos.

O cirurgião vascular Erival Santana explica que, além do uso de meias elásticas e medicamentos, mudanças no estilo de vida são fundamentais para prevenir o agravamento das varizes, especialmente em pacientes com predisposição genética ou hábitos de risco, como sedentarismo e tabagismo. “A prática regular de exercícios físicos, o controle do peso, a cessação do tabagismo e a prevenção do imobilismo, como evitar longos períodos sentados ou em pé, são essenciais”, ensina. Além disso, manter uma dieta saudável e equilibrada, uma boa hidratação e o repouso com elevação das pernas são medidas que favorecem o retorno venoso, ajudando a prevenir o avanço das varizes, reduzir o desconforto e até evitar tratamentos mais invasivos no futuro.

Em cinco passos

Sinais iniciais

Sensação de peso, cansaço, inchaço, dor nas pernas e veias visíveis indicam a necessidade de avaliação médica, principalmente se evoluírem para alterações na pele e feridas, que podem levar a complicações graves como trombose e úlceras.

Estágios de progressão

As varizes começam com veias finas e progridem para inchaço, alterações na pele e úlceras, podendo causar trombose venosa profunda se não tratadas corretamente.

Avanços no tratamento

Técnicas como laser, espuma esclerosante e cirurgias minimamente invasivas oferecem tratamentos mais eficazes, com recuperação rápida e menos complicações, beneficiando o SUS ao melhorar o acesso a tratamentos modernos.

Exames de diagnóstico

O ultrassom Doppler é crucial para um diagnóstico preciso, personalizando o tratamento e evitando intervenções desnecessárias, além de ser fundamental no acompanhamento a longo prazo.

Mudanças no estilo de vida

Exercícios regulares, controle do peso, cessação do tabagismo e evitar longos períodos de imobilidade ajudam a prevenir o agravamento das varizes e reduzem a necessidade de tratamentos invasivos no futuro.

Fontes: Cirurgiões vasculares Adelian Araújo Branquinho, Erival Santana e Juliano Santos

Demora na busca por tratamento para varizes pode agravar o quadro da doença crônica

Não é só estética

Nas redes sociais, há milhões de vídeos ensinando cuidados com a pele, o famoso skincare. Água micelar e gel de limpeza, aplicação de tônico, sérum de vitamina C, ácido glicólico e salicílico e creme para a área dos olhos são alguns dos itens obrigatórios do arsenal de quem busca uma “pele de porcelana”. O que poucos sabem é que o excesso de cuidados e o consumo desenfreado de produtos dermatológicos podem indicar um transtorno chamado dermorexia, caracterizado pela preocupação obsessiva com imperfeições da pele, semelhante à dismorfia corporal.

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Pessoas afetadas pelo problema gastam horas em rotinas de skincare, mas seguem insatisfeitas. “O mundo apresentado em plataformas como Instagram e TikTok muitas vezes não reflete a realidade. As influenciadoras que promovem produtos de beleza já possuem uma pele naturalmente bonita, o que as torna escolhidas para essas campanhas”, explica o dermatologista Bones Gonçalves Júnior. Para ele, é essencial desenvolver senso crítico em relação ao mercado da beleza e compreender que não é normal que crianças e adolescentes utilizem cremes antienvelhecimento ou tratamentos com vitamina C.

“A pressão para seguir tendências de skincare, como a rotina intensiva da K-beauty, impacta significativamente a autoestima, especialmente em um país culturalmente diverso como o Brasil”, avalia o médico. K-beauty, ou Korean Beauty, é o termo que caracteriza a indústria e filosofia de cuidados com a pele originadas na Coreia do Sul. Ela é conhecida por suas rotinas exaustivas e detalhadas, que podem incluir até dez etapas, e pelo uso de ingredientes como ácido hialurônico, centella asiática e extratos fermentados. Tudo muito bem explicado em vídeos que viralizam nas redes sociais.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/alerta-deficiencia-de-vitamina-d-se-torna-preocupac-o-crescente-para-criancas-e-adolescentes-1.3218865" target="_blank">Alerta: deficência de vitamina D se torna preocupação crescente para crianças e adolescentes</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/remoc-o-de-tatuagem-levanta-quest-es-sobre-novas-mudancas-de-comportamento-1.3221191" target="_blank">Remoção de tatuagem levanta questões sobre novas mudanças de comportamento</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/remoc-o-de-tatuagem-levanta-quest-es-sobre-novas-mudancas-de-comportamento-1.3221191" target="_blank">Redução do consumo de bebida alcoólica é tendência entre os jovens</a></div>

O cuidado com a pele, que deveria ser saudável, se tornou uma obsessão, levando até adolescentes de 13 anos a buscar botox e pessoas a se endividarem para tratamentos estéticos. A pandemia teria agravado esse quadro, com o aumento do tempo diante das telas e a pressão por padrões de beleza, impulsionados por influenciadores e celebridades. Mãe da adolescente Sofia Lourenço Prates Bandeira, de 15 anos, a empresária Rose Lourenço, de 43, diz ficar muito atenta aos riscos que o volume de informações na internet podem provocar.

“Sofia, como muitas adolescentes, é exposta a uma enxurrada de conteúdos que prometem resultados rápidos e milagrosos para a pele, mas que, na prática, podem ser prejudiciais. O uso de produtos inadequados, misturas caseiras sem comprovação e até procedimentos agressivos podem comprometer a saúde da pele a longo prazo. Meu receio é que, sem uma orientação adequada, ela siga modismos que possam provocar irritações, alergias ou até problemas mais sérios”, conta.

Quando a mãe percebeu que Sofia estava interessada em cuidados com a pele, ela procurou um dermatologista para garantir um acompanhamento adequado e personalizado. “Sempre acreditei que a saúde da pele merece a mesma atenção que qualquer outra questão de saúde”, conta. A dermatologista Bárbara Alvim relata que muitos pacientes, especialmente os mais jovens, chegam ao consultório com uma grande quantidade de produtos, sem saber como usá-los corretamente ou qual a função de cada um.

Ela destaca que essa situação tem sido agravada pelas redes sociais, onde influenciadoras compartilham rotinas de cuidados com a pele que nem sempre são adequadas para todos. Recentemente, uma receita de produto viralizou, resultando em queimaduras e irritações na pele de muitos pacientes da médica. “Esses problemas poderiam ter sido evitados se os pacientes tivessem procurado a orientação de um dermatologista antes de seguir essas dicas”, explica.

<h2>Hábito compulsivo</h2>

A dermatologista Stéphanie Braga Martins Borges explica que no consultório é possível identificar pacientes com dermorexia por sintomas como preocupação excessiva com imperfeições da pele, como acne, manchas e poros, uso exagerado de produtos de skincare, comportamentos compulsivos e isolamento social. “Esses pacientes geralmente gastam muito tempo e dinheiro com cosméticos, mostram-se insatisfeitos com sua aparência, mesmo quando não há problemas reais, e podem trazer fotos de influenciadores como referência”, afirma.&nbsp;

Durante a consulta, é possível observar que esses pacientes têm dificuldades nos relacionamentos afetivos e na produtividade, além de apresentarem uma aparência desproporcional a sua autopercepção. O desafio é que, nem sempre, esses comportamentos são claros para os pacientes. O maior problema é que o comportamento compulsivo coloca a saúde em risco. Um dos maiores mitos atuais sobre cuidados com a pele disseminados nas redes sociais, por exemplo, é a ideia de que o uso de ácidos é seguro e eficaz para todos, independentemente do tipo de pele. 
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“Na realidade, isso não é verdade e pode ser prejudicial. Antes de usar esses produtos, é essencial ter uma indicação profissional, especialmente no caso dos ácidos, pois eles podem causar danos a peles que não precisam deles, resultando em queimaduras, dermatite de contato e irritações”, explica a dermatologista Bárbara Alvim. Especialistas alertam que o excesso de produtos e ingredientes agressivos pode causar acne, rosácea, eczema e outros problemas.&nbsp;

Farmacêutica da Tulípia Cosméticos, Lidiane Soares alerta que ativos como ácido glicólico, mandélico e lático, comuns em produtos cosméticos, não são indicados para peles jovens sem queixas, pois podem ser agressivos e causar afinamento cutâneo e inflamações. Ela recomenda o uso de hidratantes e antioxidantes leves para manter o viço e prevenir linhas de expressão. “O uso de produtos deve ser sempre orientado por profissionais para evitar problemas futuros”, defende. Por isso, é fundamental procurar um dermatologista, que é o profissional especializado, para receber orientações sobre os produtos mais adequados para o tipo e as condições da pele.

Prevenção

Para prevenir e tratar a dermorexia, segundo os especialistas, é fundamental promover a educação sobre cuidados com a pele, desconstruir padrões de beleza irreais e incentivar a aceitação das imperfeições. Consultas dermatológicas personalizadas e apoio psicológico também são recomendados. Para os pais, é importante limitar a exposição a conteúdos de beleza que os filhos estão submetidos na internet e buscar orientações profissionais que ajudem a criar rotinas adequadas e saudáveis de cuidados com a pele.&nbsp;

<h4>Dermorexia</h4>

O termo foi criado pela jornalista de beleza Jessica DeFino, em um artigo no site ReviewofBeauty, para descrever a obsessão excessiva com cuidados de pele. No texto, DeFino critica a indústria da beleza por incentivar comportamentos obsessivos, amplificados pelas redes sociais, e alerta que a obsessão pode prejudicar a saúde da pele e a saúde mental de milhões de pessoas, em especial nos mais jovens.

Dermorexia: quando o cuidado com a pele vira obsessão; saiba mais

Espelho, espelho meu

A&nbsp;supervisora comercial Luciana Macedo Maia já tem tudo planejado para o carnaval 2025. Aos 42 anos, ela é apaixonada pelos bloquinhos de Goiânia, e, neste ano, vai marcar presença em um dos mais badalados. Mas, antes de cair na folia, a rotina de Luciana é disciplinada. “Sigo uma alimentação mais ‘limpa’ até o carnaval, com frutas, legumes, proteínas magras e, claro, muito treino. O objetivo é estar em forma e cheia de energia”, conta. Como ela, muitas pessoas ajustam hábitos alimentares para garantir que cheguem à folia com saúde, disposição e um corpo mais em forma.

Para quem também está em busca de um preparo físico e alimentar adequado, a nutricionista Pâmella Cardoso orienta que o segredo não está em dietas milagrosas, mas em ajustes simples e consistentes no dia a dia. “Alimentos ricos em carboidratos integrais são fundamentais para fornecer energia de maneira sustentada. Opte por arroz integral, batata-doce, e frutas como banana e maçã, que são fontes naturais de energia. A proteína também é crucial, pois fortalece os músculos e garante que o corpo consiga lidar com as exigências físicas da folia”, ensina.

A hidratação é uma das chaves mais importantes para quem vai se jogar no carnaval. “Durante os dias de festa, é comum perder muitos líquidos e sais minerais, por isso, a reposição antes, durante e depois da folia é fundamental”, alerta a nutricionista. Pâmella sugere a ingestão de água, sucos naturais e água de coco, que são excelentes opções para manter o corpo bem hidratado e evitar a desidratação, um dos principais vilões durante a festividade. A combinação da prática com alimentos saudáveis prepara o corpo de forma mais eficaz para suportar a maratona de blocos e desfiles.

Os cuidados não param por aí. A nutricionista Débora Sena enfatiza que, além da alimentação balanceada, é essencial apostar em alimentos que ajudam na recuperação muscular e otimizam o metabolismo. “Consuma carboidratos de boa qualidade, como batata-doce e arroz integral, que oferecem energia duradoura. Mas não se esqueça das proteínas magras, como ovos, carnes magras e peixes, que auxiliam na reconstrução e fortalecimento muscular. Também inclua fontes de gorduras saudáveis, como castanhas e azeite de oliva, que desempenham um papel fundamental no funcionamento geral do organismo”, recomenda Débora.

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A nutricionista Débora Sena sugere o consuma carboidratos de boa qualidade, como batata-doce e arroz integral (Divulgação)

Há menos de um mês para a festa, o ideal é focar em uma alimentação equilibrada que ajuda na redução de gordura sem comprometer a energia e disposição. Um ponto importante, segundo a especialista, é cuidar da saúde intestinal, que exerce influência direta sobre os níveis de energia. “Para garantir que os músculos recebam a energia necessária, é crucial manter o intestino funcionando bem. Aposte em alimentos ricos em fibras, como aveia, chia, maçã e ameixa, que contribuem para uma digestão saudável”, explica. Um intestino equilibrado ajuda a prevenir desconfortos e a melhorar a absorção dos nutrientes.

A alimentação para o carnaval exige equilíbrio e cuidado, pois não há soluções rápidas. Ter uma alimentação saudável é um processo de longo prazo que envolve ajustes graduais. Manter o corpo bem nutrido e hidratado é essencial para garantir disposição e saúde. Os especialistas ressaltam que o preparo físico e alimentar deve começar com antecedência e ser mantido durante o ano todo, para que o corpo chegue à folia pronto para a diversão.

Água para viver&nbsp;

Para curtir o carnaval com saúde e disposição, é essencial cuidar da alimentação antes e durante a folia. “O ideal é começar a aumentar a ingestão de água, preferencialmente acima de dois litros por dia, e incluir proteínas em todas as refeições, como adicionar um ovo ao pão no café da manhã”, orienta a nutricionista Nany Sado. Ela também recomenda frutas ricas em magnésio e potássio, como banana, abacate e kiwi, que são ótimas para evitar câimbras e desidratação.

"Saladas coloridas e legumes como pepino, brócolis e alface auxiliam na metabolização do álcool e fornecem antioxidantes essenciais para o corpo", completa a especialista, alertando ainda para o consumo controlado de álcool e alimentos pesados, como frituras. Nany também destaca as oleaginosas, como castanhas e nozes, como fontes energéticas poderosas, mas lembra da importância de consumi-las com moderação. “Evitar alimentos de origem duvidosa é crucial para prevenir intoxicações alimentares que podem comprometer a diversão”, enfatiza.&nbsp;

A nutricionista alerta que dietas restritivas não são recomendadas, especialmente para quem busca perder peso rapidamente. Como o tempo até o carnaval é curto, mudanças alimentares drásticas podem prejudicar a saúde e não trazer os resultados desejados. "O mais indicado é consultar um profissional para elaborar um plano alimentar equilibrado, adaptado às necessidades individuais", afirma. Dessa forma, é possível garantir energia, disposição e bem-estar para aproveitar a folia de maneira saudável.

Bloco na rua

Confira dicas de como se preparar para os dias de folia&nbsp;

Evite álcool e refrigerantes

Eles dificultam a queima de gordura e aumentam a retenção de líquidos. Se for beber, prefira opções menos calóricas, como gin tônica ou vinho seco. Moderação faz a diferença no resultado.

Hidrate-se adequadamente

A ingestão de pelo menos dois litros de água por dia é essencial para evitar desidratação durante a folia. Além disso, consuma frutas e vegetais ricos em água, como melancia, melão e pepino, para manter a hidratação do corpo.

Inclua proteínas nas refeições

Consuma proteínas magras, como ovos, frango e peixes, em todas as refeições. Isso ajuda a garantir energia e recuperação muscular para os dias intensos de dança e festa.

Evite alimentos industrializados

Diga não a frituras e alimentos ricos em gorduras e açúcares, que podem causar cansaço e desconforto. Prefira refeições leves, com saladas coloridas e legumes que ajudam na digestão e na metabolização do álcool.