Diferentes gerações de leitores e artistas vêm prestando suas homenagens nas redes sociais ao cartunista e artista gráfico Quino, que morreu quarta-feira, em Mendoza, na Argentina. Joaquín Salvador Lavado, que tinha 88 anos, é o criador da rebelde, inconformada e respondona Mafalda, uma das personagens mais famosas do mundo. “Morreu Quino e, com isso, todas as pessoas boas deste país e do mundo vão chorar”, escreveu seu editor, Daniel Divinsky, ao anunciar sua morte pelo Twitter.O cartunista Christie Queiroz, autor do Cabeça Oca, conta que conheceu Mafalda na adolescência. “O traço do Quino me conquistou de imediato, um desenho honesto e limpo. Seus quadrinhos sempre revelaram o quanto era cuidadoso com o que fazia. Aprendi muito com ele”, diz. A personagem, uma das mais icônicas da história, só poderia ter surgido das mãos de um crítico de mão cheia segundo Christie. “A Mafalda é daquelas criaturas necessárias a nossa volta para nos ajudar a enxergar melhor as coisas e a entender melhor a vida. Precisamos ter uma dentro de nós”, comenta. Para o cartunista, Quino e o criador de Snoopy, Charles M. Schulz, são insuperáveis. “A obra deles jamais morrerá. Descanse em paz, mestre”, finaliza.O cartunista Mariosan Gonçalves diz que, para os artistas gráficos da área, é sempre interessante revisitar as tiras de Quino. “Ele era fantástico! Muita inteligência atirada na ponta de uma caneta. Principalmente para nós, que lidamos com quadrinhos, é sempre enriquecedor navegar pelas ricas sutilezas e o bom humor inseridos em suas bem desenhadas tiras. A obra dele é atual até hoje”, comenta. “Magazilda, minha personagem, também chora e se consterna com a coleguinha Mafalda pela passagem do seu querido criador”, continua.“Quino era um artista completo. Um gênio do cartum e dos quadrinhos, com uma imaginação infinita”, define o quadrinista Márcio Paixão Júnior. Ele comenta a capacidade de Quino de promover reflexões profundas, principalmente sobre a América Latina, mesmo em suas tiras mais simples. “Um artista preocupado com o homem comum, trabalhador e oprimido e um desenhista fabuloso. Produzia com uma ou duas imagens, às vezes com nenhum ou pouco texto, para deixar a imagem falar”, diz. Sobre as tiras da Mafalda, considera inquestionável a influência de gerações. “A Mafalda é seminal e importantíssima. Seus quadrinhos foram publicados por apenas nove anos e ele parou de os produzir ainda nos anos 1970. Mesmo assim, ela continua onipresente no mundo todo. Ela é um ícone atemporal”, avalia.