“A vida do Nelson Gonçalves é uma coisa inacreditável. Ele é uma figura mítica do Brasil, uma personalidade muito forte, um personagem muito singular”, diz Márcio Paixão Jr., roteirista da HQ Metralha: A Vida de Nelson Gonçalves em Quadrinhos, que tem lançamento nesta quarta-feira (19), às 19 horas, no Bar Gloria. Com pesquisa de Cristiano Bastos e arte de Fábio Cobiaco, o livro mergulha em episódios marcantes da trajetória do cantor e compositor, símbolo da era do rádio e de um Brasil de outros tempos.

O projeto surgiu de um convite do jornalista cultural gaúcho Cristiano Bastos a Márcio. “Ele havia escrito uma matéria grande sobre o Nelson Gonçalves para a revista Rolling Stone e ficou encantado por esse personagem. E aí surgiu a ideia de fazermos uma história em quadrinhos. No início, o desenhista era o Gabriel Renner, também do Rio Grande do Sul, mas houve um conjunto de interrupções até se concretizar agora, com o Fábio Cobiaco”, conta o roteirista.

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Márcio Paixão Jr: “À medida que a gente ia se aprofundando na pesquisa e na escrita do roteiro, vários episódios se mostraram absolutamente pitorescos” (Wesley Costa / O Popular)

A extensa obra artística de Nelson já é impressionante por si só, mas sua vida marcada por altos e baixos transformam a HQ em um caleidoscópio de episódios prosaicos, épicos e dramáticos que, juntos, dão a dimensão de uma figura incontornável da nossa cultura, segundo os autores. “À medida que a gente ia se aprofundando na pesquisa e na escrita do roteiro, vários episódios se mostraram absolutamente pitorescos, alguns muito dramáticos”, diz Márcio.

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Dois desses episódios são destacados por ele como mais marcantes, que podem ser conferidos no livro. “O primeiro é o romance dele com a também cantora Betty White e o outro é o fato dele ter participado de uma luta de boxe – porque o Nelson lutava boxe – com o grande campeão Éder Jofre. Só essas duas coisas dão uma dimensão de quem era o Nelson, de como é um personagem definitivamente mítico”, aponta.

<h3>Na era do rádio</h3>

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Cena do livro (Divulgação)

Nelson Gonçalves (1919-1998) é símbolo eternizado de um Brasil que o escuta há seis gerações. “Metralha”, apelido que ganhou por conta da gagueira, foi uma voz marcante projetada nacionalmente nos anos 1940, na chamada era do rádio, que se transformou em ícone da boemia. Entrou, saiu e voltou à moda, acumulando em sua trajetória 80 milhões de discos vendidos, uma média impressionante de mais de um milhão anuais. Nos cálculos do próprio cantor, da gravação de estreia, a valsa Se Eu Pudesse um Dia (1941), ao derradeiro álbum Ainda É Cedo (1997), são mais de 2 mil registros fonográficos, entre 183 discos de 78 rotações, 100 compactos, 200 fitas cassete e 127 LPs.

“Os números impressionam ainda mais se colocados na perspectiva de uma vida de altos e baixos, rodeada de lendas e dramas que envolvem desde relacionamentos tórridos à superação do vício em cocaína”, aponta Márcio. Em 124 páginas, além da HQ propriamente dita, o livro traz ainda um extenso perfil do mítico cantor escrito por Cristiano. “Nesse sentido, o perfil biográfico ajuda a complementar e aprofundar a dimensão desse personagem fundamental que é o Nelson”, aponta.

O leitor também confere uma seleção de dez álbuns essenciais de sua carreira, para aguçar o interesse de quem ainda não conhece a produção musical de Nelson. “Além disso, o livro traz também um QR code para uma playlist com mais de 100 clássicos do cantor e compositor. A produção do Nelson é vastíssima, atravessa décadas, então trazemos essa lista de músicas que, inclusive, vai ser a trilha sonora do lançamento”, conta Márcio.

O evento conta com sessão de autógrafos e a trilha sonora preparada por Cristiano Bastos. Cada livro adquirido dá direito a um chope da casa gratuito e maiores de 60 anos têm desconto de 50% na compra. A publicação é um lançamento da MMarte e a HQ pode ser adquirida no site da produtora em valor promocional de R$ 90.

<h4>Serviço</h4>

Livro: Metralha: A vida de Nelson Gonçalves em quadrinhos&nbsp; 
Autores: Márcio Paixão Jr. (roteiro), Cristiano Bastos (pesquisa e textos adicionais) e Fábio Cobiaco (arte) 
Editora: MMarte 
Ano: 2025 
Páginas: 124 páginas 
Preço: R$ 90 (promocional de lançamento) 
Onde adquirir: www.mmarteproducoes.com/shop

Autores goianos transformam vida e obra de Nelson Gonçalves em história em quadrinhos

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A era de Nelson

O Brasil é importante na vida do quadrinista Fabien Toulmé, de 43 anos, mas seu jeito não engana: ele é francês. A fala do artista, conhecido principalmente por seus gibis de não ficção, é comedida e marcada pelo sotaque paraibano. Parte da HQ Reflexos do Mundo: Na Luta, publicada pela editora Nemo, se passa no Estado brasileiro. O livro narra viagens do quadrinista a três países onde acontecem lutas sociais com lideranças femininas. Por intermédio de Nidal, Rossana e Chanceline, Toulmé conhece disputas no Líbano, no Brasil e em Benin e investiga a prevalência de mulheres à frente desses embates. Sem trazer respostas definitivas, seu novo gibi reflete sobre esse destaque feminino.Rossana, a personagem brasileira da HQ, protagoniza a luta da comunidade de Associação de Mulheres do Porto do Capim. Situada em João Pessoa, à margem direita do Rio Sanhauá, afluente do Paraíba, a comunidade Porto do Capim surgiu a partir de um projeto de 1920 para a construção de um novo porto na cidade, que acabou abandonado.A partir de 1940, os terrenos e as casas largados após a descontinuidade das obras passaram a ser ocupados por famílias de pescadores, pessoas que trabalharam na construção e imigrantes de zonas rurais, formando uma comunidade. Em 1980, em meio a um projeto de revitalização de João Pessoa, a prefeitura propôs a criação do “parque ecológico do Sanhauá”, um polo de lazer na região do Porto do Capim.Este é sétimo quadrinho dele a chegar ao País, um autor que se tornou recorrente nas prateleiras do Brasil desde 2017, com o sucesso de sua primeira romance gráfico, Não Era Você que Eu Esperava. O gibi autobiográfico, publicado na França em 2014, destaca a relação dele com sua filha, que tem síndrome de Down. Protagonista de sua própria HQ, Fabien chamou a atenção e virou uma pequena celebridade em programas de televisão e rádio - hoje, seus trabalhos somam 400 mil exemplares vendidos em 11 países.A história já adiantava o estilo simples mas inconfundível do autor. A arte é limpa, com contornos claros e personagens caricaturais. Nas cores, aposta em tons monocromáticos e com paletas que variam a cada capítulo dos livros. É um estilo influenciado por suas paixões da infância, como o aventuresco Tintim e o faroeste de Lucky Luke.“Para mim, era uma leitura potente, eu conseguia entrar de maneira forte na leitura. Eu não tinha a impressão só de estar lendo, mas de viver aquelas aventuras”, diz ele, relembrando o que lia na sua infância pacata no subúrbio de Orleães, cidade 120 quilômetros ao sul de Paris.A arte simples e direta dos seus gibis, sem grandes inovações técnicas, permite que extrapolem o nicho dos leitores de HQs e acolham quem não está acostumado com o gênero. Ainda que sem deixar de lado a delicadeza, seus trabalhos denunciam o lado mais racional e prático de quem foi por 12 anos engenheiro - profissão que lhe pareceu, na juventude, a opção mais tolerável, e acabou soterrando aos poucos a vocação infantil para as narrativas.Foi no fim da faculdade que veio parar no Brasil pela primeira vez. Enquanto amigos partiam para Inglaterra, Estados Unidos e outros países mais disputados, suas notas medianas renderam um intercâmbio para a Paraíba, que o atraiu com as praias ensolaradas de João Pessoa.Aqui, país a que retornou muitas vezes, conheceu sua esposa, Patrícia, e decidiu mudar de vida. Tocava a filial de uma empresa francesa em Fortaleza, mas nem o posto de empresário conseguiu conciliá-lo com a engenharia. Se envolveu com quadrinhos já no Brasil, mas voltou para a França, grande mercado de gibis, quando resolveu investir de vez na nova carreira.Após o sucesso do primeiro quadrinho na França, publicou Duas Vidas, HQ de ficção, em 2017. O gibi fala sobre Baudouin que, influenciado pelos conselhos de Luc, seu irmão, e pela descoberta de um tumor, decide largar o emprego de jurista e repensar sua vida. A história reflete a jornada de Fabien. “Eu passei 12 anos fazendo uma coisa de que eu não gostava. A partir do momento em que me tornei quadrinista decidi fazer tudo o que queria”, afirma. “Quero sentir o prazer de estar criando, não quero que todo dia seja igual ao outro.”Depois de autoficção e ficção, foi parar no jornalismo. A ideia que daria origem à trilogia A Odisseia de Hakim surgiu quando Fabien acompanhava o drama dos refugiados - só em 2022 foram 137 mil pedidos de asilo na França, segundo o Ministério do Interior francês. Para superar essa distância, ouviu e recontou a história do refugiado sírio Hakim.Suzette ou o Grande Amor, seu segundo livro de ficção, chegou ao Brasil em 2022, apenas um ano após a publicação na França, sobre uma avó e neta que viajam juntas em busca do passado romântico da idosa. Já Reflexos do Mundo: Na Luta, seu álbum do ano, retoma o jornalismo. A obra é a primeira de uma série que deve compilar, em cada edição, reportagens ao redor do mundo em torno de um mesmo tema.

Conheça Fabien Toulmé, francês abrasileirado que retrata o mundo em histórias em quadrinhos

Com sotaque paraibano

Se existe um personagem das histórias em quadrinhos que conhece Goiás como a palma da mão este é o Cabeça Oca, criado pelo ilustrador Christie Queiroz. O pequeno e sua turma já desbravaram os quatro cantos do Estado: foram parar nas cavernas de Terra Ronca, conheceram de perto a ilustríssima Cora Coralina, viveram as Cavalhadas de Pirenópolis e até descobriram um tesouro escondido em Goiânia.Ainda que tímida, a cena dos HQs em Goiás tem conquistado forma desde a última década, fruto do crescimento de nomes à frente de publicações, a ascensão de feiras editoriais e a autopublicação. No pulsar de publicações, Goiás e sua cultura são revistas em histórias que apresentam paisagens, personagens e contextos históricos regionalistas. O caso do personagem Cabeça Oca, de Queiroz, é um dos exemplos mais efervescentes.“Eu sempre tive vontade de falar e mostrar Goiás. Quando ouvi em São Paulo que não ganhei um determinado prêmio por ser de Goiás e não do eixo Rio-São Paulo, decidi que deveria fazer isso e trabalhar nossa história”, conta Christie, que tratou de criar uma narrativa sobre uma criança, o Cabeça Oca, que adentra ao mundo poético de Cora Coralina. “Os prêmios começaram a vir. De lá para cá, foram vários livros mostrando nossos valores e nossa cultura”, diz.Em 2016, Christie foi eleito Mestre do Quadrinho Nacional no Prêmio Angelo Agostini, em São Paulo, por suas histórias que apresentam Goiás sob diversos ângulos. Para o quadrinista, há no Estado diversos talentos que buscam narrativas regionais. “Valorizar a nossa raiz é fundamental para encontrar o eixo. Em Goiás, há pouco apoio cultural. Na área de quadrinhos, então, nem se fala. Mas o boom da internet e das redes sociais facilitou muito chegar ao público. Falta ainda coragem e união aos artistas para avançar”, destaca o ilustrador.ReconhecimentoEm tempos digitais, os quadrinistas goianos não esperam grandes editoras para descobrirem seus personagens e histórias. São os próprios profissionais que se desdobram no roteiro, ilustração, impressão ou digitalização. Na mesma frequência do mercado editorial internacional, os quadrinhos feitos em Goiás passam por processos de transformação. Os caminhos da autopublicação colaboram para o fortalecimento de novas narrativas e da descentralização de autores dos grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro.“Os quadrinhos são uma linguagem ainda em desenvolvimento em Goiás. Existem quadrinistas maduros e com trabalhos reconhecidos nacionalmente. O que nos define hoje nos quadrinhos é uma certa diversidade de temas, estilos e abordagens”, explica o editor e quadrinista Márcio Jr., da editora MMarte e autor da HQ policial Cidade de Sangue, de gênero noir, ambientada em diversos pontos da capital goiana: desde o Teatro Goiânia, passando pela Torre do Relógio da Av. Goiás, até a antiga casa de Pedro Ludovico Teixeira, hoje museu público.A ideia central de Márcio Jr. para Cidade de Sangue é fugir da caricatura da cidade sertaneja e apresentar paisagens e contextos urbanos de uma metrópole brasileira. “Como somos uma cidade periférica e não muito turística, me instiga muito oferecer um retrato local que fugisse do estereótipo da “capital country”. A ideia era fugir de uma goianidade superficial e caricata. Goiânia é uma cidade diversa e complexa”, destaca Márcio Jr.Cidade de Sangue deu certo: a publicação foi considerada um dos 100 quadrinhos brasileiros da década pelo Catálogo HQ Brasil, uma iniciativa conjunta entre Itamaraty, Bienal de Quadrinhos de Curitiba e Consulado Geral de Montreal, do Canadá. “A trama é universal – tanto que uma editora europeia já manifestou interesse em sua publicação –, mas quem conhece Goiânia irá reconhecê-la página após página”, reflete o autor.  Marcas&nbsp;editoriais goiana Abóboras infectadas por 350 agrotóxicos se tornam mutantes zumbis comedoras de cérebro. Elas acabam invadindo uma cidade do interior goiano. Em O Incrível Ataque das Terríveis Abobrinhas Mutantes Zumbis Comedoras de Cérebro, o quadrinista Tiago Holsi faz uma crítica ao agrotóxico em Goiás. Já em Sob o Olhar dos Famintos, de Thiago Dornelas, personagens precisam sobreviver ao apocalipse zumbi.&nbsp;  Além de serem histórias de zumbi, as duas HQs têm em comum a realização de autores goianos que mantém as mãos em narrativas que emergem para diferentes públicos. “Meus quadrinhos são voltados para o público infantojuvenil e sempre tenho a preocupação de fazer algo que possa ser agradável a todas as idades”, explica Holsi.&nbsp; Aproveitar as paisagens de Goiás e destacar histórias para jovens e adultos é um dos predicados de diversos quadrinistas. As tramas explosivas de Pulp Fiction (1994) e Cães de Aluguel (1992), filmes do diretor Quentin Tarantino, por exemplo, serviram de motes iniciais para a criação de 137, roteirizada por Ronaldo Zaharijs e com trabalhos artísticos de Eduardo Menna e Rodrigo Spiga. Os artistas resolveram lançar no mercado editorial um trabalho que reitera a necessidade de se discutir o Césio 137, uma das maiores manchas na história da capital.&nbsp;  Ambientado 30 anos depois do ocorrido na Rua 57, no Centro de Goiânia, a HQ apresenta um grupo de seis amigos que resolve passar o final de semana em Abadia de Goiás, lugar de depósito dos resquícios do césio. “Surpreende-me muito quando percebo que pessoas mais jovens, principalmente as nascidas depois do incidente radioativo, não conheçam ou não saibam o que aconteceu em Goiânia e como isso ainda guarda resquícios na memória e identidade do povo goiano. Nada mais atual que se desenvolver um HQ interativo e que foge dos habituais clichês”, aponta Zaharijs.<div attr-cid="policy:Image_1.2282119" attr-version="policy:Image_1.2282119" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:Image_1.2282119" data-onecms-type="image" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'Image_1.2282119', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:Image_1.2282119">Imagem (Image_1.2282119)</a></div><div attr-cid="policy:Image_1.2282120" attr-version="policy:Image_1.2282120" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:Image_1.2282120" data-onecms-type="image" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'Image_1.2282120', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:Image_1.2282120">Imagem (Image_1.2282120)</a></div>

Goiás é representado em quadrinhos

Quando tinha 5 anos, o cartunista, escritor e designer goiano Christie Queiroz pregou uma folha de papel no espelho do quarto e começou a fazer um autorretrato. Naquele instante, sua mãe entrou no cômodo e, espantada com a cena, disse: “Você é um cabeça oca mesmo”. A expressão ganhou forma, cores e aventuras e tornou-se seu maior sucesso. Há três décadas, ele publicava pela primeira vez as tirinhas da Turma do Cabeça Oca no POPULAR, no suplemento Almanaque. Para celebrar a data, o autor lança nesta terça-feira (19) uma caixa com quatro novos gibis, a partir das 18h30, no espaço Mundo Mágico.“Quando era criança, falava para minha mãe que quando crescesse publicaria livros e tirinhas do Cabeça Oca em um jornal”, recorda-se o autor, que na carreira tem 32 gibis publicados com personagens que conquistaram o público, como Mariana, Pião, Biel e Baixinha. A caixa conta com quatro gibis, dos quais três inéditos e outro sobre a trajetória da turma e do cartunista. Outra novidade é o livro bilíngue Amizade para Sempre, que mergulha no mundo da inclusão. Também faz parte da nova coleção uma agenda 2020, com tema Razões para Viver, projeto para despertar bons sentimentos e valorizar a vida.A primeira tirinha do Cabeça Oca no POPULAR foi publicada no dia 5 de novembro de 1989, quando Christie Queiroz tinha 16 anos. No período, incentivado pela mãe, o autor visitou o jornal, apresentou o material e um mês depois estava nas páginas do Almanaque. “Fui contratado na hora e fiquei assustado porque não esperava”, conta. No primeiro desenho, o personagem era grande, gordinho, com cabelo branco. já que a impressão na época era em preto e branco e o traço estava desproporcional, pois ele parecia ter de 12 a 15 anos, e não 7, como imaginava o cartunista. “Fiz alterações pontuais.”Já o primeiro livro do personagem, Elétrico, Neurótico e Sem Juízo, foi publicado em 2003. “O título nasceu de um sonho. Mudei muito em cima da hora, quase na gráfica. A minha ideia inicial era Loucas Peripécias do Cabeça Oca, mas não gostei”, ressalta o autor, que em 2012 relançou o gibi e fez sua estreia no mercado editorial nacional na Bienal do Livro de São Paulo. A segunda publicação veio em 2004, com Um Super Dentro de Mim, com prefácio de Mauricio de Sousa, pai da Turma da Mônica. A edição ganhou o prêmio de melhor livro infantil pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf).ConquistasO Cabeça Oca é um daqueles filhos que enchem o pai de orgulho. Em 2014, em Cabeça Oca em Terra Ronca, Reino dos Elfos, a capa foi desenhada pelo capista da Disney, o italiano Andrea Freccero. “Isso foi um troféu para mim”, afirma. O gibi levou quatro anos para ficar pronto e foi desenhado por Watson Portela, conhecido pelo trabalho com Os Trapalhões e Universo Marvel, e colorizado por Ellis Carlos, um dos mais requisitados do gênero. Na história, o personagem embarca em uma viagem às cavernas do parque localizado na Região Nordeste de Goiás, onde encontra vários personagens fantásticos.Em outra ocasião, quando o veterano Mauricio de Sousa comemorava 50 anos de carreira, convidou Christie para escrever uma aventura do Cabeça Oca com a Turma da Mônica. Em 2016, o autor foi premiado com o Troféu Angelo Agostini, um dos mais antigos e importantes prêmios da HQ brasileira, na categoria Mestre do Quadrinho Nacional. No mesmo ano, o cartunista ganhou novamente o prêmio de melhor livro infantil pela Abigraf com Cabeça Oca no Mundo de Cora Coralina. “Sempre busquei valorizar nossa cultura e já inseri o personagem também em Pirenópolis, em O Mourinho das Cavalhadas, de 2011”, ressalta o cartunista.&nbsp;Lançamento: Livros do Cabeça Oca Data: Terça-feira, das 18h30 às 23 horas Valor: R$ 30 (caixa com quatro gibis da Turma do Cabeça Oca), R$ 35 (agenda 2020 e R$ 25 (Amizade para Sempre, livro bilíngue) Local: Espaço Mundo Mágico – Av. T-2, nº 904, Setor Bueno Entrada franca<div attr-cid="policy:Image_1.1935021" attr-version="policy:Image_1.1935021" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:Image_1.1935021" data-onecms-type="image" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'Image_1.1935021', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:Image_1.1935021">Imagem (Image_1.1935021)</a></div><div attr-cid="policy:Image_1.1935022" attr-version="policy:Image_1.1935022" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:Image_1.1935022" data-onecms-type="image" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'Image_1.1935022', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:Image_1.1935022">Imagem (Image_1.1935022)</a></div>

Completando 30 anos, Turma do Cabeça Oca celebra aniversário com lançamento de gibis

Matéria - genérica

Verdade seja dita: Tintim, o esperto repórter de topete loiro, sempre foi muito mais popular na Europa do que em qualquer outro canto do mundo. Colegas de profissão mais jovens como Clark Kent, de Superman, e o repórter fotográfico Peter Parker, de Homem-Aranha, fizeram mais sucesso. Mas existe um fenômeno muito curioso com o personagem criado pelo quadrinista belga Georges Remi (1907-1983), mais conhecido como Hergé, em 1929. Quem gosta de Tintim tem verdadeira veneração a todo o universo criado há exatos 90 anos.Os fãs mais fervorosos de Tintim são aqueles que foram meninos, também cheios de imaginação, que liam na infância as aventuras do pequeno repórter célebre por desbaratar quadrilhas, resolver mistérios e achar objetos de grande valor esquecidos. A primeira aparição de Tintim e seu cão Milu, um pequeno e fiel fox-terrier branco, foi em 10 de janeiro de 1929, no suplemento infantil Le Petit Vingtième, do jornal católico belga Le Vingtième Siècle. Nos primeiros episódios, ambos se aventuraram pela União Soviética de Stalin, sempre vigiados pela temida polícia secreta.A história em quadrinhos continuou sendo publicada até maio de 1930, e em seguida foi lançada em forma de livro sob o título Tintim na Terra dos Soviéticos. Os inimigos se tornaram outros após a invasão alemã na Bélgica, em 1940. Aventuras como Tintim no País do Ouro Negro, em que o jornalista enfrenta um sinistro doutor Müller, ficaram no passado. Com o avanço das tropas nazistas, a trama precisou ser interrompida. Aliás, a neutralidade do personagem em relação aos nazistas até hoje rende polêmicas. Hergé foi duramente criticado por ter continuado a publicar as histórias de Tintim em jornais controlados pelos nazistas. Outra polêmica do autor envolve a história Tintim no Congo (1930), vista por muitos como racista e com um viés colonialista. O Congo é uma ex-colônia belga. Nos anos 1980, Hergé comentou que a história foi muito influenciada “pelos preconceitos e estereótipos burgueses da época”.Mesmo envolto em polêmica, Tintim se consolidou com herói atemporal de muita gente, em especial jornalistas. Com espírito aventureiro e curioso, o personagem sempre esteve envolto em casos de investigação criminosa ou em conspirações políticas, geralmente guiado por uma personalidade nobre e perspicaz. Na prática, Tintim e seu cão Milu ajudaram a fortalecer a boa imagem dos jornalistas como paladinos em busca da verdade. Suas histórias até hoje representam o sonho de ação de qualquer garoto adolescente.“Tintim entrou em nossas vidas há 90 anos exatamente como as séries da Netflix entram na vida dos jovens de hoje”, comparou o escritor Sayantan Ghosh, em artigo publicado no Daily O. Durante todo o texto-tributo, Sayantan argumenta o porquê em uma era de fake news e ataque à imprensa em todo o mundo – inclusive no Brasil –, Tintim é um herói necessário. “Ele lembra uma época em que os repórteres eram retratados como buscadores da verdade que cobravam explicações de quem está no poder em vez de serem descritos como inimigos do povo”, explica.<div attr-cid="policy:Image_1.1706779" attr-version="policy:Image_1.1706779" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:Image_1.1706779" data-onecms-type="image" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'Image_1.1706779', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:Image_1.1706779">Imagem (Image_1.1706779)</a></div>