Waldomiro Bariani Ortencio narrou os pássaros, o Cerrado retorcido, o Rio Araguaia, a construção de Brasília e o seu tão querido Bosque dos Buritis. Viu de perto, com seu olhar aguçado, o crescimento de Goiânia pela janela de sua casa, localizada em frente à Praça Cívica. Pesquisou o que o goiano come, fala e cura. Morreu rodeado pelos filhos em sua residência, aos 100 anos. O corpo será sepultado neste sábado (16), a partir das 6 horas, no cemitério Jardim das Palmeiras. Em 2022, Bariani sofreu um AVC em sua casa, que serve de local para o instituto que leva seu nome. Desde então, passou os dias em reclusão no primeiro piso da residência, recebendo amigos e familiares. Não escreveu mais crônicas e outros textos literários, mas deixou um último livro de romance para ser publicado. O folclorista não nasceu em Goiás, mas escreveu como ninguém sobre as belezas e as pessoas que habitam o Estado. É natural de Igarapava, cidadezinha margeada pelo Rio Grande, divisa entre São Paulo e Minas Gerais. Saiu de lá aos 15 anos com a família Ortencio para tentar a vida na então nova capital de Goiás em uma viagem de caminhão de oito dias.