A cantora goiana Bruna Mendez, 33, já não fala apenas de amor. Pelo menos é isso que ela esbraveja na primeira canção do disco Nem Tudo É Amor, lançado na última semana e que marca uma nova fase na carreira da artista. Nascida em Goiânia, a profissional experimenta os limites do que pode ser o pop, em um misto de sonoridades latinas, indo do reggaeton a MPB. O resultado é uma narrativa confessional e complexa sobre a paixão entre duas mulheres.

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Terceiro disco de inéditas da carreira, o álbum tem direção musical assinada por Bruna e Lucs Romero, que tem trabalho com Fresno e foi indicado ao Grammy Latino 2021 na categoria melhor álbum de pop contemporâneo em Língua Portuguesa com a banda Tuyo. O novo projeto da cantora, com dez faixas, surge como o mais maduro e experimental de sua discografia, mas sem deixar de fazer referências sutis ao repertório já conhecido da artista.

“Esse disco foi um tanto planejado, apesar do tempo de produção e finalização dele ter sido relativamente rápido. Eu venho pesquisando sonoramente para ele desde o final de 2021”, explica Bruna, que esteve na última semana no TVZ ao Vivo, programa de música do canal por assinatura Multishow, para apresentar as faixas do novo álbum.

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Antes de Nem Tudo é Amor, Bruna já havia lançado outros dois discos de inéditas, O Mesmo Mar que Nega a Terra Cede a Sua Calma (2016) e Corpo Possível (2019). Todos os seus trabalhos buscam explorar os limites do pop, sem perder a identidade muito particular da escrita e da melodia da artista. Isso tudo aliado a tendências de mercado, o que lhe permitiu experimentar sem medo, especialmente por ser uma artista independente.

“Tendo experimentado mais de dez anos de carreira sendo independente, hoje me vejo madura o suficiente pra saber que a música, como qualquer outro ofício, é trabalho constante e não hype”, confessa a artista, formada em Publicidade e Propaganda pela PUC Goiás. “Tenho orgulho de todos os discos que eu fiz porque sei que a minha construção passa por algo a longo prazo, por uma vida inteira”, completa.

Toda a concepção de Nem Tudo É Amor começou após Bruna ter participado do Colors Studios, plataforma alemã de performance musical que visa apresentar e mostrar talentos de artistas emergentes na forma de vídeos com estética minimalista. Atualmente o projeto conta com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 7 milhões de inscritos no YouTube. Já participaram nomes como Billie Eilish, Jorja Smith e Doja Cat e, do Brasil, Emicida, Liniker e Luedji Luna.

“O Colors Studios me convidou para lançar uma música inédita e eu percebi que a narrativa de um possível álbum já estava sendo construída. Tinha muito sobre amor, ódio, drama e essa temática seria bem contada e cantada com ritmos latinos”, explica Bruna. O trabalho, então, caminha do reggaeton à música popular brasileira, com a construção de uma personagem exagerada, dramática, prática, delusional e vulnerável. “É o meu disco mais confessional, onde eu me permito ser cheia de raiva, de ódio e de amor”, diz.

<h2>Mulher</h2>

Com composições de Bruna Mendez e colaborações de Lay (em Imenso Mar) e Bebé (em Risco), Nem Tudo É Amor reúne produções de Adieu, Enzo DiCarlo, Mateus Lanzarin e Machado. João Milliet, responsável pela mixagem, completa o seleto time envolvido na produção musical. O profissional é vencedor do Grammy Latino 2021 pelo melhor álbum de música sertaneja com Tempo de Romance, da dupla Chitãozinho e Xororó, e em 2022 pelo melhor álbum de música popular brasileira com Índigo Borboleta Anil, de Liniker.

Para demarcar ainda mais suas intenções com o projeto, Bruna contou com o trabalho da Radar Energia Dykezona, grupo criativo de São Paulo que desenvolve narrativas em torno da cultura dyke (sapatão) e dissidente na cultura pop. “Esse é um disco feito para o feminino, sobre um relacionamento entre duas mulheres. Todas as letras foram escritas por mulheres porque eu não queria cantar sobre algo que eu não vivi e não viveria”, confessa a artista.

O projeto teve apoio do Programa Estadual de Incentivo à Cultura – Goyazes, do edital de 2023, e foi gravado em São Paulo, Goiânia e Florianópolis. “Está cada vez mais difícil ser artista, então eu me vejo mais do que nunca como uma trabalhadora, fazendo o que sei independente do que aconteça. E, considerando de onde eu venho, o caminho ainda é um pouco mais longo para chegar nesse reconhecimento. Então busco permanecer fiel ao que eu acredito para construir a minha identidade”, reitera Bruna.

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&nbsp;(Divulgação)

FICHA TÉCNICA

Nem Tudo é Amor 
Bruna Mendez 
2024 
10 faixas 
Disponível nas plataformas digitais

Dois por dois

Confira mais sobre os outros trabalhos da goiana Bruna Mendez&nbsp;

 
O Mesmo Mar que Nega a Terra Cede à Sua Calma (2016)

A melancolia do movimento do mar impulsionou a cantora Bruna Mendez nas composições de seu disco de estreia O Mesmo Mar Que Nega A Terra Cede À Sua Calma, com canções que falam sobre o amor e a saudade, separação e o encontro, com um acréscimo de pessoalidade transmita pela voz da artista. Produzido por Adriano Cintra, são 11 faixas compostas e elaboradas pela cantora, com co-autoria da escritora e esposa de Bruna, Michelly Jardim, em um universo que se joga entre o singular e o cotidiano, entre as tempestades e as calmarias do mar.

Corpo Possível (2019)&nbsp;

Em Corpo Possível, Bruna Mendez convida o ouvinte para uma pista de dança a céu aberto recheada de paixões tropicais e aventuras amorosas. Em camadas que se dissolvem ao longo das 11 canções, a artista fala sobre amor, corpo e desejo. Com incorporação de elementos eletrônicos e orgânicos, o segundo disco é sinestésico para dançar coladinho, sozinho no fone de ouvido ou durante a noite com os amigos.

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Bruna Mendez lança terceiro disco de inéditas da carreira

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A dama do jogo

Com canções energéticas e sensíveis, a cantora goiana Bruna Mendez realiza um show especial nesta quinta-feira (5), às 19 horas, no Sesc Centro. A ideia é apresentar as músicas que formam o elogiado disco Corpo Possível Deluxe, lançado em 2021 e sucesso de reproduções nas plataformas digitais. O show é gratuito com retirada de ingresso pelo Sympla. Bruna caminha pelo pop, R&amp;B e pela MPB, trazendo elementos orgânicos por meio de sua banda. “Esse show em especial carrega um clima de fim de festa, já vou me despedindo do Corpo Possível e apresentando algumas músicas novas para começar a pensar em novos lançamentos e uma nova estética”, explica a cantora. Com quatro discos lançados e 12 anos de carreira, Bruna vive integralmente para a música. Em 2019, por exemplo, Corpo Possível foi disponibilizado nas plataformas, e, em 2021, a artista lançou a versão Deluxe, que conta com três faixas a mais e carrega feats com Tiê, Davi Sabbag e June. O álbum ainda contou com uma edição especial em CD lançado no Japão. Com o sucesso de vendas, o projeto rendeu uma versão em vinil lançada em setembro de 2021 no Japão, Europa e Estados Unidos. Já em 2022, a cantora apresentou o single Temporal em lançamento exclusivo pelo Colors, uma das maiores janelas virtuais de novos artistas internacionais. Uma de suas canções, Tropical, integra a trilha sonora da série Tudo Igual SQN, da Disney Plus. 	Serviço Show de Bruna Mendez Nesta quinta-feira (5), a partir das 19 horasLocal: Sesc Centro, Rua 15, CentroEntrada gratuita Informações: 39331700

Bruna Mendez faz show especial nesta quinta-feira no Sesc Centro

Ainda mais pop e contemporânea que seus trabalhos anteriores, a cantora Bruna Mendez apresenta a primeira música inédita desde o lançamento do disco Corpo Possível (2019). Em A Vida Segue, Né?, a artista adianta uma literalidade musical em parceria com June, cantora de Santa Catarina, em versos que destacam a paixão, os sentimentos de partilha e reciprocidade e os olhares sobre o outro. A canção está disponível nas plataformas digitais.Em isolamento social ante a pandemia e sem poder realizar apresentações musicais, Bruna agora revisita Corpo Possível e dá novos caminhos ao disco. Lançado em 2019 com o apoio da Natura Musical, o álbum ganha três músicas inéditas com a participação de June, Davi Sabbag e Tiê. A versão Deluxe acontece simultaneamente ao lançamento internacional do álbum com distribuição digital e em vinil nos Estados Unidos, Europa e Japão.O lançamento também dá início ao processo de internacionalização da carreira da artista, que já figura na programação de conceituadas rádios norte-americanas – como a KCRW de Los Angeles e a KRCL de Salt Lake City. A Vida Segue, Né? foi produzida por Janluska, o produtor do álbum e que também assina produções com artistas como Tuyo, Pabllo Vittar, Luccas Carlos, Terno Rei e Jaloo.“Foi uma música que surgiu pouco antes de encontrar o Janluska para produzir um outro single. Achei que A Vida Segue, Né? se encaixaria bem como uma música de transição”, explica Bruna. De acordo com a cantora, a canção foi produzida sem a pretensão de ser um feat com June. “Quando o Janluska chegou aqui, ele foi me mostrando umas coisas que estava produzindo e mostrou uma música que tinha feito com a June cantando em português. Achei que ela construiria uma atmosfera ainda mais doce e sutil e tudo se deu assim, meio sem pensar as coisas se encaixaram”, rememora.No geral, a canção e os outros dois singles como parte final de Corpo Possível revelam uma aproximação de Bruna com o pop. O Deluxe explora novas possibilidades de linguagem, como a literalidade, a entrega, a preocupação com refrão e a fala direta agora reforçada com a atmosfera trazida pelos feats. À medida que as músicas perpassam pelos artistas, a exemplo de Davi Sabbag e Tiê, elas se desdobram e passam a compor uma nova identidade mais rica e potente.

Cantora Bruna Mendez lança o primeiro single de projeto de canções que complementam 'Corpo Possível'

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A voz doce da cantora goiana Bruna Mendez canta na música Corpo Miragem: “Quando você me nota/ Tudo se transforma em imensidão”. Já em Avisa – em meio à mistura de elementos orgânicos e batidas sintéticas –, ela entoa: “Sou feito rio/ Me guardando nesse mar”. Os versos autorais, quase metafóricos, da jovem de 28 anos fazem parte de duas das 11 canções de seu novo disco, Corpo Possível. Com selo do projeto Natura Musical, o trabalho chegou às plataformas digitais este mês e será lançado com show em Goiânia no dia 2 de novembro.Após a boa recepção do álbum de estreia, O Mesmo Mar que Nega a Terra Cede à Sua Calma, de 2016, Bruna passou a ser considerada uma das promissoras “novas vozes da MPB”. “Acho engraçado quando falam isso, principalmente em Goiânia. Na verdade, só canto porque componho e tenho esse processo também como produtora. Acho que, se não fosse isso, não cantaria”, conta. Apesar de ainda não se enxergar como cantora, em Corpo Possível essa faceta se apresenta com mais força.Se o álbum de estreia foi lançado de forma tímida, sem grandes pretensões, Corpo Possível nasce como projeto de maior proporção, com direito a clipe da música Corpo Miragem. “Antes tinha até insegurança das pessoas saberem quem eu era. Estava em construção de identidade. Agora, já tenho isso mais consolidado. Quis lançar o clipe para as pessoas saberem quem sou, que tenho uma cara”, explica a artista, que conserva certa timidez como um rio que se guarda no meio do mar.Não foi por acaso que o rosto de Bruna surge na capa do álbum. Se a profecia se concretizar, quando Corpo Possível for notado pelo público, ele tem tudo para se transformar em imensidão. O álbum é marcado, principalmente, pelo encontro de elementos naturais – temática presente nas letras da artista – com sonoridades sintéticas. O resultado envolve todos os sentidos ao longo das canções. Uma das faixas, Pele de Sal, traz a participação do trio paranaense Tuyo, que faz um folk futurista com a fusão entre o orgânico e o sintético. “No Bananada de 2018, eles já tinham lançado o EP Pra Doer e já tinha ouvido muito, tínhamos amigos em comum. Então, apenas virei e perguntei se eles não queriam participar do meu show”, conta. A amizade rendeu bons frutos. Além da faixa, um dos integrantes do trio, Machado, coproduziu as músicas Bem e Imagem (Em Mim), ao lado de Gianlucca Azevedo, produtor do álbum. Animada com o resultado final do trabalho, Bruna deve cair na estrada. “Pretendo fazer circular o novo show, lançar muitos clipes, explorar ao máximo e fazer esse disco viver. A minha carreira agora vai se basear em Corpo Possível e nos desdobramentos do que ele pode render”, explica.

Uma das promissoras novas vozes da MPB lança novo álbum de maior proporção

Filha de uma família de funcionários públicos e sem referências musicais próximas, a cantora Bruna Mendez cresceu em uma Goiânia que chamou a atenção do País pelos festivais de música independente. Após abandonar uma carreira de quase dez anos como publicitária, ela conta que a música não foi bem uma escolha. “Eu não optei por estar na música. Componho, produzo e canto por uma urgência em falar sobre as minhas coisas”, define a moça, que cresceu frequentando o cenário indie goiano.Apesar das mudanças da cena da cidade e do fechamento de várias casas noturnas do gênero, a cantora acredita que os festivais que permanecem são símbolos de resistência, como Vaca Amarela, Bananada e Goiânia Noise. “Eles surgem na cidade como um respiro, de não deixar parecer que Goiânia é um lugar onde as pessoas vão crescer e ter de ir embora pela falta de espaço.” Sobre fazer música independente em uma região dominada pela música sertaneja, a artista lembra que há espaço para todos. “A gente vive na mesma cidade, mas em mundos diferentes”, define.