Desde que surgiu na segunda metade dos anos 1960 como um dos líderes do Movimento Tropicalista, Caetano Veloso é nome central da cultura brasileira. Criativo e aguerrido, mudou os rumos de nossa música e pagou preços altos por defender suas opiniões e sua arte, como a prisão e o período de exílio durante a ditadura militar. Em todas essas décadas, em trabalhos autorais ou em parcerias, ele também se notabilizou por ser um dos artistas mais produtivos e influentes de sua geração. Em vários desses momentos, ele falou a O POPULAR, como quando, em janeiro de 2020, conversou a respeito de mais um projeto e de questões nacionais que lhe reacenderam a chama da indignação, outra marca sua. “Sou contra a censura. Lancei É Proibido Proibir em 1968, em plena ditadura militar”, lembrou, num momento em que se multiplicavam tentativas de cerceamento das artes em várias frentes, como na polêmica sobre dois personagens gays que se beijavam em uma HQ vendida na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, obra que chegou a ser recolhida a mando do então prefeito carioca, Marcelo Crivella, e do boicote a um especial do grupo de humor Porta dos Fundos. “Adorei a atitude do Felipe Neto em relação ao desenho do beijo gay”, elogiou, aludindo à iniciativa do youtuber de comprar milhares de exemplares da HQ para distribuí-los gratuitamente. “Vi o especial do Porta dos Fundos com atraso, mas ri à beça.”