Criada e escrita por Claudia Souto e com direção artística de Natalia Grimberg, Cara e Coragem, a nova novela das sete, estreia no dia 30 de maio, na Globo. Numa trama que tem a coragem como fio condutor, a força das mulheres na frente e por trás das câmeras também é celebrada. “Somos pessoas que cultivam os afetos na vida e acho que a novela transparece isso. Nós duas, Natalia e eu, somos pessoas extremamente afetivas, que colocam o pessoal na frente das relações. Não acontece toda hora que autoria e direção são feitas por mulheres. Estamos felizes e sabemos o quanto é difícil chegar nesse lugar”, ressalta Claudia Souto. A diretora Natalia Grimberg reforça a importância dessa dobradinha: “Uma novela de ação tem tudo para ser masculina. Agora, a gente trouxe o universo com outro olhar. Olhar do afeto, do humor, sobre o outro... O olhar que vê além. É uma novela que potencializa esse lado feminino agregador”.No núcleo da família Gusmão, proprietária da Siderúrgica Gusmão, a SG, está o clã mais bem-sucedido da trama. A matriarca Martha, personagem vivida por Claudia di Moura, assume os negócios da família após a morte misteriosa de Clarice, interpretada por Taís Araujo. Martha também é mãe do caçula Leonardo e é uma mulher bem resolvida nos negócios e no amor. Para Claudia di Moura, a oportunidade de interpretar uma mulher como Martha na TV representa uma vitória. “Martha tem riqueza material, empoderamento emocional, é uma mulher que leva uma vida sem medo. Essa família Gusmão é rica de nascença. 56% do povo, o meu povo preto, vai dizer: ‘Eu quero estar refletido nessa mulher’. A família Gusmão é a encarnação de uma justiça social que a gente não vê, mas vem reivindicando. A sensação que tenho é que estamos vivendo um novo tempo”, celebra. “Martha não está a serviço de ninguém, nem dos filhos, como se poderia imaginar. O prato principal da Martha é a liberdade”, complementa.Ícaro Silva, que interpreta o Leonardo, também ressalta a importância do momento e fala sobre as relações familiares com a irmã Clarice e com a mãe Martha. “Com a morte da irmã cria-se uma tensão no desejo do Leonardo. A Clarice sempre foi a mais poderosa, a que teve o afeto mais direcionado pra ela. Quando ela morre, o Léo também fica sem chão. O que ele quer não é necessariamente estar no topo. Leonardo quer muito manipular essa mãe, mas ao mesmo tempo quer ser amado, respeitado, admirado por ela. É um personagem que se equilibra entre esses lugares muito diferentes e isso que o torna tão instável. Acho que as ambições dele passam dos limites, mas as motivações dele são muito genuínas”, define.Para Taís Araujo, que interpreta duas personagens na história, a empresária Clarice Gusmão e a sósia dela, a massoterapeuta Anita, a caracterização é quem determina a construção dos caminhos que a atriz seguirá ao longo da história e foi uma forma de encontro entre as duas personagens, com destaque para a relação das mulheres negras com seus cabelos. “A moda da rua é muito potente. A Anita é essa moda da rua, mistura de estilos. Ela é mais jovem que a Clarice. Já a Clarice é mais clássica, usa peças com cortes diferenciados. Eu construo as personagens pela caracterização. Ela é muito importante na composição. As duas personagens, por exemplo, usam laces. O cabelo que a Clarice usa é uma lace. A Anita também. São duas mulheres negras que usam laces. A gente procurou nessas mulheres de origem diferentes, lugares de encontro. A questão do cabelo foi uma delas”, explica.Mel Lisboa, que está de volta às novelas na TV Globo, dá vida à vilã feminina da história: Regina. Além de ser assessora de Clarice na Siderúrgica Gusmão, ela também mantém um caso às escondidas com Leonardo. “Ela manipula esse homem para conseguir seus objetivos. Aparentemente, Regina é subserviente, quando na verdade está fazendo algo para derrubar alguém. Isso me inspira na construção da personagem. Na relação dela com o Leonardo a gente percebe a humanidade dela. Ela genuinamente gosta dele, se importa com ele, se preocupa com ele. Essa ambiguidade é bem interessante”, conta. Formando o vértice da vilania em Cara e Coragem, Danilo, personagem de Ricardo Pereira, completa o trio que está em busca de encontrar a fórmula secreta para poder negociá-la no exterior. “É um vilão muito construído. Agradável, prazeroso, que conquista com seu jeito de falar leve, para que ninguém perceba seus objetivos reais. Como se ele fosse dono da profecia de saber o que é melhor para cada pessoa”, explica.