Depois de adiar por anos, com receio da cirurgia, a copeira Zélia Serafim da Silveira, 66 anos, decidiu encarar o bisturi e o turbilhão de incertezas que o cercam. “Toda cirurgia é um imprevisto”, diz, lembrando o frio na barriga antes de entrar na sala para operar de catarata. Fez primeiro um olho, depois o outro, com apenas oito dias de diferença. Na manhã em que retirou o tampão, viu o mundo clarear de novo. “Já enxerguei longe, clarinho”, conta, sorrindo. Passou o pós-operatório em casa, de férias, longe do fogão e do calor, em repouso disciplinado. Hoje, só precisa dos óculos para ler as mensagens no celular. “Antes, tudo era embaçado. Agora, tá tudo clarinho. Posso andar sozinha, atravessar a rua, que eu tô enxergando normal”, diz. Uma das principais causas de cegueira no mundo, a catarata é caracterizada pela perda de transparência do cristalino, a lente natural do olho responsável por ajustar o foco da visão em diferentes distâncias.