O Cemitério São João Batista, na zona sul do Rio de Janeiro, abriga o mausoléu da Academia Brasileira de Letras, onde estão sepultados Machado de Assis, Guimarães Rosa e Manuel Bandeira. No mesmo campo santo estão os túmulos de outros grandes nomes das nossas artes, incluindo autores que marcaram a literatura brasileira, como Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade e Rachel de Queiróz, apenas para citar alguns. Lá também jazem um autor mineiro que nasceu há 100 anos e uma poeta carioca que pôs fim precocemente à própria vida há quatro décadas. Fernando Sabino e Ana Cristina César, que ali repousam, não têm sido tão lembrados como vários de seus pares. Uma injustiça. Eles são dois nomes de grande relevância, cada qual por seus motivos, na literatura brasileira da segunda metade do século 20. Sabino era um contista e romancista inspirado e um cronista de mão cheia. Ana Cristina César, por sua vez, era uma erudita cheia de efervescência e ternura, uma mulher que transpôs para sua poesia a medida mais certeira entre força e melancolia, vasculhando na própria alma os recantos secretos que também existem na nossa. Sabino nasceu em 12 de outubro de 1923, em Belo Horizonte, “numa casa de dois pavimentos e com assoalho de tábuas”, como descreveu seu amigo Hélio Pelegrino. Em 29 de outubro de 1983, Ana Cristina se jogou de um prédio em Copacabana.