Ao caminhar pela Praça Cívica, preste atenção nos elementos florais que decoram os obeliscos localizados no meio do espaço urbano. Repare também nas linhas e geometrias do antigo Tribunal de Justiça e do Centro Cultural Marieta Telles. Há ainda a planicidade das fontes luminosas e dos prédios que as cercam, como o Museu Zoroastro Artiaga. Cravados no marco-zero da cidade, os monumentos e edifícios que compõem a praça formam o maior conjunto art déco de toda a capital. É, com toda a certeza, o coração de Goiânia.&nbsp;

Em comemoração ao centenário do art déco no mundo, o POPULAR dá continuidade a série especial sobre as influências do movimento arquitetônico em Goiânia. Projetada nos anos 1930, a cidade incorporou o estilo em suas construções públicas e privadas, tornando-se uma das cidades brasileiras com maior número de obras nessa linguagem.

Todos os prédios erguidos na Praça Cívica nascem nas imediações do Palácio das Esmeraldas, a sede do governador. É por essas e outras que a mansão, assim como a Casa Pedro Ludovico Teixeira, nas imediações da praça, ficam para a próxima semana na série especial do art déco. Monumentos como o Coreto e a Torre do Relógio já foram explanados na série e também são deixados de fora.&nbsp;Para agora, o foco está no núcleo que forma o aglomerado arquitetônico e urbanístico que tanto reverbera na chamada ‘capital do art déco’. Monumentos como o Coreto e a Torre do Relógio já foram explanados na série e, para agora, foram deixados de fora.&nbsp;

<ul style="padding-right: 0px; padding-left: 0px; margin: 0px 0px 5.5px 25px; color: rgb(0, 0, 0); font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 11px;">
	<li>Conheça mais sobre o movimento que faz parte da arquitetura e da história de Goiânia desde sua construção&nbsp;no&nbsp;g1 Goiás:&nbsp;<a href="https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2022/08/17/cores-pasteis-e-construcoes-modernas-conheca-locais-com-arquitetura-art-deco-em-goiania.ghtml" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none;" target="_blank">Cores pastéis e construções modernas: Conheça locais com arquitetura Art Déco em Goiânia</a></li>
</ul>

“Os prédios da Praça Cívica são caracterizados por sua decoração geométrica, com elementos de destaque, como colunas, gradis e vitrais”, explica a arquiteta e urbanista Narcisa Abreu Cordeiro, especialista no trabalho de Attilio Corrêa Lima. “Os edifícios exibem frisos horizontais, janelas em fita, platibandas ornamentadas e detalhes repetitivos. As superfícies são limpas, com ornamentação refinada e abstrata”, completa a pesquisadora.&nbsp;

É a partir da Praça Cívica que toda a cidade foi se desenrolando, com as principais vias de acesso: Araguaia, Tocantins e Goiás. “O art déco na praça é uma combinação de geometria rigorosa, elegância abstrata, simetria e modernidade, tudo isso integrado ao urbanismo para simbolizar o caráter futurista da cidade”, reitera Narcisa.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/sandro-mabel-anuncia-city-tour-que-percorrera-os-monumentos-e-predios-publicos-em-art-deco-1.3301541" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_self">Sandro Mabel anuncia city tour que percorrerá os monumentos e prédios públicos em art déco</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/de-portas-fechadas-desde-maio-grande-hotel-preserva-a-historia-de-uma-goiania-em-construc-o-1.3297914" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_self">De portas fechadas desde maio, Grande Hotel preserva a história de uma Goiânia em construção</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/mureta-e-trampolim-do-lago-das-rosas-revelam-como-o-art-deco-de-goiania-desenhou-identidade-propria-1.3292642" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_self">Mureta e Trampolim do Lago das Rosas revelam como o art déco de Goiânia desenhou identidade própria</a></div>

Muito além dos prédios localizados na Cívica, existem ainda aqueles que o cercam e que também fazem parte do acervo arquitetônico e urbanístico do dossiê de tombamento à nível nacional. Há, por exemplo, o Tribunal Regional Eleitoral e a Antiga Delegacia Fiscal, hoje sede do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que foram construídos com as fachadas viradas para o centro do poder político e administrativo da então nova capital.&nbsp;

“Precisamos considerar as dificuldades construtivas da época, o fator da crise econômica de 1929 e da falta de recursos econômicos do estado de Goiás. A construção de Goiânia foi um verdadeiro milagre”, compreende Narcisa, que participou na última semana do Goiânia Art Déco Festival com a palestra Influências de Alfred Agache no Processo Art Déco de Goiânia.&nbsp;

<h2>PAISAGEM</h2>

A paisagem do marco-zero de Goiânia se transformou desde a década de 1930. Durante muito tempo, por exemplo, a praça serviu de estacionamento para carros, o que foi redefinido em 2015, com uma extensa reforma realizada com recursos do PAC Cidades Históricas. Na ocasião, foi incluído o Monumento a Todos Nós, de Siron Franco. Muito antes disso, o lugar onde havia o Monumento às Três Raças dava espaço para um grande obelisco art déco.&nbsp;

“As grandes cirurgias urbanas normalmente deixam sequelas. No caso de Goiânia, a adaptação basicamente linear do BRT passando pelo tecido urbano radial, o anel externo da Praça Cívica, com certeza resultou em cicatrizes”, reitera Narcisa. “No urbanismo temos que considerar muitas variáveis. Existem polêmicas sobre as prioridades de uma cidade e temos que balancear da melhor forma. Entretanto, o patrimônio não é desprezível e sim de grande relevância no País. Precisamos preservar e achar uma medida conciliatória”, destaca a especialista.&nbsp;

<h3>Núcleo pioneiro&nbsp;</h3>

A cidade começou na praça: confira alguns prédios e monumentos que formam o núcleo da Praça Doutor Pedro Ludovico Teixeira e que integram o acervo arquitetônico e urbanístico art déco de Goiânia tombados pelo Iphan.

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(fotos: Diomício Gomes)

<h3>Fórum e Tribunal de Justiça&nbsp;</h3>

Antiga sede do poder judiciário, o prédio do Fórum atualmente está em processo de revitalização e passará a ser a casa da Secult Goiás. Os detalhes construtivos mais expressivos eram as esquadrias externas de madeira, que foram retiradas em 1999 e substituídas por janelas de alumínio e persianas de abrir. O vitral apresenta figuras humanas e insígnias da justiça.&nbsp;

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<h3>Obeliscos&nbsp;</h3>

Originalmente eram três obeliscos, simbolizando as três avenidas principais da cidade. O do meio abriu espaço para o Monumento às Três Raças. Foram construídos em alvenaria e revestidos com pó de pedra verde, à maneira do Palácio das Esmeraldas. Com base escalonada, o pedestal exibe um elemento floral estilizado.&nbsp;

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<h3>Fontes luminosas&nbsp;</h3>

Destaque entre as festas cívicas, religiosas e comícios políticos, as fontes luminosas serviam para decorar a praça e foram construídas em dois recintos de piso mais baixo que o restante do espaço urbano. Em 2016, com a revitalização da Cívica, as fontes passaram por um processo de modernização.&nbsp;

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<h3>Museu Zoroastro Artiaga&nbsp;</h3>

Construído para ser o Departamento Estadual de Informação, o prédio foi ocupado como o Museu Zoroastro Artiaga em 1965. Atualmente o edifício passa por uma reforma completa em sua estrutura física e museológica. Apresenta portões com grades de trama metálica geométrica e incrustações de adornos florísticos.&nbsp;

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<h3>Antiga Chefatura de Polícia&nbsp;</h3>

Restaurado pelo Iphan em 2022, o prédio da antiga Chefatura de Polícia mantém em seus corredores diversas narrativas históricas e já serviu, por exemplo, de cadeia, da Polícia Civil e da Procuradoria-Geral do Estado. Com fachada sóbria, quase clássicas, apresenta linhas retas e utilização de jogo de volumes.&nbsp;

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<h3>Centro Cultural Marieta Telles&nbsp;</h3>

Originalmente, o prédio da Antiga Secretaria-Geral e hoje Centro Cultural Marieta Telles foi construído para ser da prefeitura de Goiânia, o que nunca aconteceu. O edifício tem a mesma fachada do seu vizinho, do qual é um rebatimento. As ferragens das portas exibem características art déco. Há em seu interior o Cine Cultura e a Gibiteca Jorge Braga.&nbsp;

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<h3>Tribunal Regional Eleitoral&nbsp;</h3>

Cravado entre as avenidas Goiás e Tocantins, o Tribunal Regional Eleitoral apresenta portões com grades em trama metálica geométrica art déco produzida com rebites sem uso de solda. As janelas são marcadas por frisos em degraus, muito comum nos primeiros prédios erguidos na cidade.&nbsp;

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<h3>Antiga Delegacia Fiscal&nbsp;</h3>

Com fachadas austeras e simétricas, o prédio da Antiga Delegacia Fiscal é hoje a sede do Iphan Goiás. Erguido de frente ao conjunto da Praça Cívica, entre as avenidas Araguaia e Goiás, o edifício se destaca pelas esquadrias das portas em ferro fundido com desenhos geométricos, luminárias pendentes no acesso principal e revestimento do piso e da escada de granitina.&nbsp;

Coração da cidade, Praça Cívica reúne maior conjunto art déco de Goiânia

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ESPECIAL

As fotos da inauguração do Cine Ouro, há 55 anos, revelam muito da Goiânia daquela época. O então prefeito Manoel dos Reis surge em traje de gala ao lado da esposa, a primeira-dama Maria Antonieta. Lourival Batista, primeiro colunista social do POPULAR, dá boas risadas junto com Ivan e Mundica Roriz, o casal por trás do espaço. Hoje o cinema já não é como em seus tempos áureos, mas guarda parte da memória da cidade em seus corredores.

Quem passa pela Galeria Ouro hoje nem imagina que o local foi um dos mais bem frequentados da capital. Sob administração da Secretaria Municipal de Cultura (Secult Goiânia) desde 2006, quando foi instalado no local o Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, o espaço tem pauta aberta para produtores locais, além de proponentes de projetos de leis de incentivo que desejam utilizar as salas para propor ações em contrapartida. Atualmente a prefeitura aluga o local por cerca de R$ 28 mil.

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Durante a inauguração do Cine Ouro, políticos, personalidades e empresários foram prestigiar o mais novo cinema de Goiânia (Divulgação/Acervo Pessoal)

“O equipamento cultural recebe visitas de escolas, grupos de universitários e pesquisadores. A pauta do primeiro semestre, por exemplo, contou com espetáculos teatrais, shows, palestras, lançamentos e exibições”, explica Kelvis Oliveira, gerente do centro. “Até aqui, o público presente foi de 1.690 pessoas entre crianças e a previsão é de 2.620 até o final do segundo semestre. Vale ressaltar que todos os eventos são gratuitos”, completa o gestor.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/10-edic-o-do-goiania-canto-de-ouro-encerra-com-recorde-de-publico-1.2362956" target="_self">10ª edição do Goiânia Canto de Ouro encerra com recorde de público</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/artista-plastico-matheus-pires-abre-primeira-individual-da-carreira-no-centro-cultural-ufg-1.3296225" target="_self">Artista plástico Matheus Pires abre primeira individual da carreira no Centro Cultural UFG</a></div>

O fato é que o Cine Ouro já teve seus momentos de maior relevância para a cultura de Goiânia. Antes da ocupação da prefeitura, o cinema tinha uma sala de 700 lugares com exibições especiais de grandes filmes das décadas de 1970, 1980 e 1990. Na inauguração do espaço, por exemplo, foi exibido o filme Aeroporto, escrito e dirigido por George Seaton e estrelado por Burt Lancaster e Dean Martin.

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Nos anos 1970, os cartazes dos filmes exibidos no Cine Ouro decoravam as paredes da galeria (Cedoc)

“Era luxo ir ao cinema. Todo o Cine Ouro era decorado em tons dourados, como a cortina, o carpete e os detalhes das portas e das poltronas. O lugar contava com um hall de entrada, uma sala de espera ampla de onde se acessava as escadarias para a projeção de cinema”, explica uma das proprietárias do imóvel, Ivana Roriz, filha do médico Ivan Roriz. “Meu pai era apaixonado por cinema e guardava com carinho tudo que viveu ali”, conta.

A história do Cine Ouro muda com a criação do Centro Municipal de Cultura durante a gestão de Kleber Adorno na pasta de cultura. Na época, a sala de cinema foi dividida em duas, uma para teatro e outra para projeções audiovisuais. Vários eventos se tornaram queridos pelo público, como o FestCine, o Goiânia em Cena, as mostras de cinema que homenageavam grandes diretores, como Ingmar Bergman, e a Oito pras Onze - especial para os clássicos -, ou os bombados shows de jazz que ocupavam a agenda todas as sextas-feiras.

“Na época do Kleber houve esse interesse em adquirir o imóvel. A ideia era transformar tudo ali em cultura, mas depois da gestão não houve mais essa conversa”, adianta Ivana. Atualmente poucas lojas sobrevivem na Galeria Ouro, ao contrário de seus primeiros anos, que era ocupada por boutiques de roupas e calçados. “Até hoje muita gente passa por lá e lembra com carinho dos momentos vividos no Cine Ouro”, recorda-se.

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A Galeria Ouro, localizada na Rua 3, já foi um oasis de boutiques de roupas e sapatos de Goiânia (Diomício Gomes / O Popular)

<h2>Mudanças</h2>

Apesar dos anos dourados do Cine Ouro, um centro de cultura não sobrevive apenas de memória. A atual gestão cultural, sob administração de Uugton Batista, tenta promover ações pontuais no local, a exemplo do lançamento do concurso fotográfico Goiânia Art Déco - 100 Anos, promovido pela Prefeitura de Goiânia. Há também atividades infantis em parcerias com escolas do ensino público, além de projetos de realizadores locais.

“A programação do Goiânia Ouro é permanentemente ocupada somente com atividades gratuitas. Não há cobrança para o uso do local nem venda de ingressos”, reitera Kelvis Oliveira. “O contrato com os proprietários do imóvel está vigente e a sala de cinema funciona mediante disponibilidade de agendamento e pauta solicitada”, diz.

Com todas as características dos espaços culturais do centro histórico da cidade, o Goiânia Ouro também enfrenta problemas pontuais. A produtora Ana Britto, responsável por um projeto de acessibilidade cultural, trouxe para Goiânia em 2024 o espetáculo Eu Sempre Soube, com a atriz Rosane Gofman. A direção do Cine Ouro se prontificou a ceder o espaço, mas, durante a visita técnica, foram identificadas barreiras de acessibilidade, como escadas, ausência de rampas e de sinalização, o que inviabilizou a realização do projeto.

“Realmente o local não tem acessibilidade. Desde o começo da nova gestão que a prefeitura estuda um projeto para restauro e possível acessibilidade do prédio”, comenta Kelvis. Enquanto o projeto de revitalização não sai do papel, o equipamento segue como um dos espaços culturais mais simbólicos da capital.

55 anos de Cine Ouro: espaço sobrevive hoje por meio de pautas abertas para produtores locais

História que resiste 

Em antigas fotografias dos anos 1950, crianças brincam no Trampolim enquanto moças muito bem vestidas conversam escoradas na Mureta do então Balneário Lago das Rosas. As imagens feitas pelo fotógrafo Hélio de Oliveira revelam cenas cotidianas de uma Goiânia em transformação e ajudam a contar parte da memória do povo goiano.

No ano em que se comemora o <a href="https://opopular.com.br/magazine/marco-do-batismo-cultural-teatro-goiania-abre-a-serie-do-popular-sobre-o-centenario-do-art-deco-1.3284818" target="_self">centenário do art déco no mundo</a>, o POPULAR dá segmento a série de reportagens sobre como o movimento arquitetônico influenciou o nascimento da capital. Goiânia, projetada nos anos 1930, incorporou o estilo em suas construções públicas e privadas, tornando-se uma das cidades brasileiras com maior número de obras nessa linguagem.

<ul>
	<li>Veja no g1 Goiás:&nbsp;<a href="https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2022/08/17/cores-pasteis-e-construcoes-modernas-conheca-locais-com-arquitetura-art-deco-em-goiania.ghtml" target="_blank">Cores pastéis e construções modernas: Conheça locais com arquitetura Art Déco em Goiânia</a></li>
</ul>

O Lago das Rosas, no Setor Oeste, foi projetado nos anos 1940 e ganhou o nome por conta do extenso jardim de rosas que havia no local. Com o passar dos anos, o Zoológico acabou incorporado ao espaço urbano. Duas joias art déco da cidade passam despercebidas pelo local: o Trampolim, no meio do lago, e a Mureta, que faz divisa com a Av. Anhanguera. Ambos integram a lista de prédios e monumentos art déco tombados em Goiânia.

<img attr-cid="policy:1.3292639" attr-version="policy:1.3292639:1753481643" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3292639/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
A Mureta possui detalhes de desenhos que reiteram a simplicidade personalizada do art déco da cidade (Diomício Gomes / O Popular)

“Os valores associados ao Lago da Rosas foram pensados em um plano de gestão integrado e holístico, que envolvia a fruição dos valores naturais e culturais”, explica a arquiteta e urbanista do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan Goiás), Beatriz Otto de Santana. “A ideia dos equipamentos urbanos era de manter a atratibilidade à comunidade, sendo espaço de uso público e gratuito”, continua.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/de-ponto-de-chegada-a-espaco-de-memoria-a-trajetoria-da-estac-o-ferroviaria-joia-do-art-deco-goiano-1.3289885" target="_self">De ponto de chegada a espaço de memória: a trajetória da Estação Ferroviária, joia do art déco goiano</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/torre-do-relogio-e-coreto-da-praca-civica-s-o-exemplos-irretocaveis-do-art-deco-de-goiania-1.3287271" target="_self">Torre do Relógio e Coreto da Praça Cívica são exemplos irretocáveis do art déco de Goiânia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/marco-do-batismo-cultural-teatro-goiania-abre-a-serie-do-popular-sobre-o-centenario-do-art-deco-1.3284818" target="_self">Marco do Batismo Cultural, Teatro Goiânia abre a série do POPULAR sobre o centenário do art déco</a></div>

Não por menos, o Trampolim era um dos points mais frequentados por crianças e jovens nos anos 1950 em uma Goiânia acalorada. Já a Mureta servia como um trajeto de passeio e diversão. “Há na Mureta pilaretes ornamentados com elementos em massa com motivo floral, sendo a flor de xixá, e tendo em seu centro os pontos cardeais e colaterais, em referência à rosa dos ventos”, pontua Beatriz.

<img attr-cid="policy:1.3292640" attr-version="policy:1.3292640:1753481643" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3292640/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Em outras épocas de Goiânia, o Trampolim era o que tinha de mais divertido para se fazer nas férias acaloradas de julho (Hélio de Oliveira)

Já os elementos art déco do Trampolim são associados a sua geometria e material construtivo. “Ele apresenta frisos escalonados em seus contornos e corrimão em ferro fundido. A estrutura é de concreto armado. Também são características do art déco a volumetria marcada pela simetria axial, a presença de ornamentos em formas geométricas e a relação entre volumes”, comenta a arquiteta.

<h2>DIVERSÃO</h2>

O Lago das Rosas marcava a divisa entre Goiânia e a Campininha das Flores. A paisagem era completamente diferente. O local era uma espécie de clube popular, onde as pessoas podiam tomar banho em estruturas construídas como valorização do local e uso da população em geral. Um pouco mais perto dali ficava o Jóquei Clube, com o acesso limitado - não era para todos.

“A Mureta e o Trampolim revelam um art déco genuinamente goianiense, marcado pela adaptação à realidade local”, destaca a doutora em Engenharia Civil, Renata Barros, conselheira de Patrimônio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU). “Os bens tombados compartilham com a <a href="https://opopular.com.br/magazine/torre-do-relogio-e-coreto-da-praca-civica-s-o-exemplos-irretocaveis-do-art-deco-de-goiania-1.3287271" target="_self">Torre do Relógio</a>, na Av. Goiás, a gramática déco, mas reinterpretam esses recursos de forma mais contida: a torre afirma-se na vertical, como marco cívico; já a Mureta e o Trampolim se mantêm horizontais, costurando lazer e paisagem junto ao espelho d’água”, salienta.

Com os equipamentos do Lago das Rosas, o art déco goianiense passa a ganhar identidade própria, menos monumental como em Miami, por exemplo, mas profundamente enraizado no contexto regional, refletindo recursos, clima e a própria cultura goiana da época. “O valor está na ‘simplicidade personalizada’, como o desenho da flor de xixá do Cerrado”, reflete a pesquisadora.

<img attr-cid="policy:1.3292638" attr-version="policy:1.3292638:1753481642" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3292638/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Se olhar bem, é possível ver o desenho da flor do xixá do Cerrado esculpida na Mureta (Diomício Gomes / O Popular)

Mureta e Trampolim do Lago das Rosas revelam como o art déco de Goiânia desenhou identidade própria

Iniciadas em setembro de 2023, as obras de reforma da fachada da Catedral Metropolitana de Goiânia deverão ser entregues no dia 24 de outubro deste ano, por ocasião dos 92 anos da capital. A segunda etapa dos trabalhos, que irá abranger a parte interna e os subterrâneos, seguirá até 2027, com inauguração prevista&nbsp; para antes do 19º Congresso Eucarístico Nacional (CEN), que será realizado de 3 a 7 de setembro de 2027, em Goiânia. É o que informa o padre Carlos Gomes, vigário geral da Arquidiocese de Goiânia e pároco da catedral e Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora.

A reforma da Catedral Metropolitana prioriza inicialmente a parte tombada do edifício, além do órgão de tubos. Padre Carlos explica que toda a estrutura do telhado foi renovada, uma obra complexa que durou aproximadamente nove meses e exigiu interrupções durante os períodos chuvosos. “Trocamos todo o telhado e ficou igual ao original. Agora estamos trabalhando na torre que possui 40 metros de altura, no relógio e no órgão, que foi para São Paulo onde está sendo restaurado.” A principal igreja católica de Goiânia tem o segundo órgão de tubos mais antigo de Goiás. O primeiro fica na cidade de Goiás, no Santuário Nossa Senhora do Rosário.&nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;

Inaugurada em 1956, a Catedral Metropolitana possui arquitetura em estilo moderno-eclético. Ela substituiu a capela construída na Rua 19, inaugurada em 1937, que serviu de matriz provisória da cidade durante 20 anos. Mais tarde ela foi demolida. O tombamento da fachada da atual catedral, tanto pelo Município de Goiânia, quanto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ocorreu em 1991. No alto da torre há quatro sinos fundidos em Orleans, na França. Padre Carlos Gomes explica que toda a reforma tem sido acompanhada por técnicos do Iphan. “A catedral é um patrimônio histórico de Goiânia.”

As sete missas dominicais e as três diárias celebradas na Catedral Metropolitana não foram transferidas para outro local. O vigário geral da Arquidiocese ainda não sabe como será a partir de outubro quando começam as obras internas. “Não temos outro lugar. Acredito que vamos continuar celebrando na catedral que ficará com 70% do seu espaço disponível.” Padre Carlos Gomes explica que no ambiente interno, que não é tombado, haverá mudanças no presbitério e a construção de uma capela e uma cripta subterrâneas para receber os restos mortais dos bispos. Hoje estão sepultados atrás do altar os corpos de dom Emanuel Gomes de Oliveira, de dom Fernando Gomes dos Santos e de dom Antônio Ribeiro de Oliveira.&nbsp;

O projeto, inspirado em espaços europeus semelhantes, prevê uma entrada, pelo interior da igreja, para a cripta e para a capela que ficarão sob a área do estacionamento. Toda essa parte, acredita padre Carlos Gomes, terá um custo de R$ 1 milhão, recursos doados pelos paroquianos. Esse valor se soma à previsão inicial de toda a obra, de R$ 1,9 milhão, que foi possível através da captação em empresas e governo estadual via Lei Rouanet. Emendas parlamentares também têm ajudado na reforma da Catedral Metropolitana de Goiânia.&nbsp;

Além do órgão de tubos, o interior da Catedral de Goiânia conta ainda com seis conjuntos de vitrais temáticos sobre o&nbsp; Evangelho assinados pelo arquiteto especialista em arte sacra, Wilson Jorge. A cátedra do templo, cadeira de espaldar alto destinada ao bispo, foi utilizada pelo papa João Paulo II durante a viagem apostólica que fez ao Brasil em 1991, que incluiu Goiânia no roteiro. A cátedra foi levada para o estacionamento do Estádio Serra Dourada, onde o hoje São João Paulo II celebrou uma missa. Outra curiosidade está no crucifixo central que guarda um fragmento da cruz carregada por Jesus Cristo, conforme padre Carlos Gomes. A relíquia foi trazida pelo então arcebispo dom Fernando Gomes dos Santos.

Avança reforma da Catedral Metropolitana de Goiânia

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Patrimônio

Lá do alto, o tempo parece não se movimentar desde 1942, quando a Torre do Relógio foi erguida em pleno início da Av. Goiás. No corre-corre dos dias, ele pode até passar despercebido por muitos, mas para o diretor do Goiânia Art Déco Festival, Gutto Lemes, a maior obra-prima do art déco da cidade é, sem sombra de dúvidas, o relógio de quatro faces. “Seu revestimento em pó de pedra de malacacheta na cor cinza e a coroa ornamentada com estilismo geométrico o faz imponente e requintado”, defende.

No ano em que se comemora o <a href="https://opopular.com.br/magazine/marco-do-batismo-cultural-teatro-goiania-abre-a-serie-do-popular-sobre-o-centenario-do-art-deco-1.3284818" target="_self">centenário do art déco no mundo</a>, o POPULAR dá continuidade a série de reportagens sobre como o movimento arquitetônico influenciou o nascimento da capital. Goiânia, projetada nos anos 1930, incorporou o estilo em suas construções públicas e privadas, tornando-se uma das cidades brasileiras com maior número de obras nessa linguagem.

<ul style="padding-right: 0px; padding-left: 0px; margin: 0px 0px 5.5px 25px; color: rgb(0, 0, 0); font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 11px;">
	<li>Veja na TV Anhanguera:&nbsp;<a href="https://g1.globo.com/go/goias/videos-ja-1-edicao/video/goiania-foi-uma-das-primeiras-cidades-a-adotar-estilo-art-deco-no-mundo-13559658.ghtml" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none;" target="_blank">Goiânia foi uma das primeiras cidades a adotar estilo Art Déco no mundo</a></li>
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A Torre do Relógio, além de falar sobre tempo, também reverbera questões relacionadas ao espaço público e ao surgimento da Av. Goiás, que passou por tantas mudanças e transformações. “Projeto do arquiteto Américo Vespúcio Pontes, esse exemplar único e monumento de utilidade pública, traz um relógio de quatro faces e um sino que badala informando as horas. Uma obra-prima do art déco goianiense”, explica Gutto.

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A Torre do Coreto guarda características marcantes do art déco goianiense, como os elementos geométricos que coroam as quatro faces (Diomício Gomes / O Popular)

Nos anos 1940, relógios públicos e sinos de igrejas eram os principais mecanismos para a população da cidade se informar sobre as horas no decorrer do dia. Não por menos, a Torre do Relógio foi erguida em um ponto estratégico da Av. Goiás: ao lado da Praça Cívica e dos principais edifícios públicos e órgãos administrativos da então nova capital de Goiás.

A torre foi inaugurada no dia 5 de julho de 1942, como parte do Batismo Cultural de Goiânia, evento que marcou a oficialização da capital e a inauguração de diversos edifícios e espaços públicos. Em 2003, o relógio e outros 21 monumentos e edifícios de Goiânia foram tombados pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural Brasileiro, protegendo o conjunto arquitetônico da cidade.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/marco-do-batismo-cultural-teatro-goiania-abre-a-serie-do-popular-sobre-o-centenario-do-art-deco-1.3284818" style="font-size: 12px;" target="_self">Marco do Batismo Cultural, Teatro Goiânia abre a série do POPULAR sobre o centenário do art déco</a> 
<a href="https://opopular.com.br/opiniao/editorial/plano-turistico-de-goiania-1.3277374" style="font-size: 12px;" target="_self">Plano turístico de Goiânia</a> 
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“No alto, o relógio exibe diversos desenhos geométricos, tanto na horizontal como na vertical. Sobre o mostrador, um elemento vazado com curvas sinuosas faz uma síntese do art déco, que se completa com frisos e ornatos geométricos no coroamento da torre”, descreve o pesquisador Wolney Unes no livro Goiânia Art Déco - Dossiê de Tombamento (2010). O profissional, um dos maiores estudiosos do movimento arquitetônico na formação da capital, ainda destaca a intervenção que o bem patrimonial passou em 1998, com pintura de esmalte nas ferragens e recuperação da iluminação interna.

Em 2021, o Iphan restaurou o monumento em uma obra que custou mais de R$ 600 mil. Na época, toda a parte de maquinaria foi trocada. Passados quatro anos, o relógio já parou de funcionar. Em nota ao POPULAR, a Secretaria Municipal de Cultura (Secult Goiânia) informa “que a Diretoria de Políticas, Ações e Patrimônio Cultural tem uma equipe técnica que faz vistoria periódica aos monumentos culturais da cidade tombados pela Prefeitura de Goiânia, que infelizmente sofrem com a ação do tempo e com o vandalismo”.

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Os elementos déco do Coreto da Praça Cívica fazem do bem tombado uma obra-prima da cidade (Diomício Gomes / O Popular)

<h2>Palco de histórias</h2>

Imagina a cena: Goiânia, 1942. No dia do Batismo Cultural, moradores vindos de todos os pontos da cidade, de Campinas ao antigo Bairro Popular, se reúnem na Praça Cívica para apreciarem a apresentação da banda sinfônica, que faz a estreia do Coreto. Um dos principais ícones art déco, o monumento é uma joia arquitetônica no meio do Centro da capital.

“Pela riqueza de detalhes e cuidado no acabamento, é um dos exemplares mais elaborados do art déco goianiense. Na escadaria há um contraste entre elementos retos e circulares, que se repetem nos palcos internos”, comenta o pesquisador Wolney Unes. “O rendilhado no alto da murada externa proporciona um jogo de luz e sombra. O conjunto dessas características faz deste monumento uma pequena obra-prima”, completa.

Projetado pelo arquiteto Jorge Félix, o mesmo do <a href="https://opopular.com.br/magazine/marco-do-batismo-cultural-o-teatro-goiania-abre-a-serie-do-popular-sobre-o-centenario-do-art-deco-1.3284818">Teatro Goiânia</a>, ao longo das décadas o Coreto passou por modificações, como nos anos 1970, quando foi descaracterizado, se transformando em ponto de informações turísticas. Em 1978, o então prefeito Hélio Mauro Umbelino Lobo fez com que a obra voltasse ao modelo arquitetônico original, sendo necessário que a prefeitura fosse buscar o pedreiro que havia participado da primeira construção, anos antes.

Palco de diversas manifestações, como festas, cortejos, pronunciamentos políticos e manifestações sociais, o Coreto passou por uma reforma em 2020, em um minucioso trabalho de recuperação integral da laje, bancos em granitina e revestimentos de pedra portuguesa na área externa.

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Nos anos 1970, o coreto foi totalmente modificado para se criar um centro de atendimento ao turista (Diomício Gomes)