Uma cidade que chega ao seu primeiro século de fundação já cumpriu uma trajetória que lhe permitiu acumular vivências, guardar acervos, ter um conjunto de fatos para recordar. Enfim, possui patrimônio histórico para narrar e preservar. A pergunta que surge é: essa cidade faz isso? Goiânia tem bons e maus exemplos para mostrar nesse quesito. Um dado positivo é que conseguiu, mesmo que muito tenha sido perdido, proteger vários de seus prédios pioneiros, dentro de um sítio art déco tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Essa ação permitiu que prédios como a Estação Ferroviária, o Teatro Goiânia e o Grande Hotel, na Av. Goiás, estivessem a salvo de maiores riscos. Mas eles são exceções numa capital que não se resume a apenas uma arquitetura. Goiânia não vem tratando bem, no decorrer das décadas, de muitos de seus tesouros. Casas históricas foram demolidas para dar lugar a estacionamentos. O Centro, cheio de pérolas da arquitetura e de outros patrimônios, inclusive imateriais, vem se degradando há anos. Os espaços públicos, como museus, centros culturais e bibliotecas, não ganham a importância que deveriam. Projetos são frequentemente engavetados e até mesmo sua vocação para as artes – devemos lembrar que Goiânia ganhou uma festa de inauguração oficial na forma de um Batismo Cultural, em 1942 – nem sempre é enfatizada. A cidade tem uma vida cultural agitada, mas há uma ausência de políticas públicas integradoras entre diferentes órgãos e que sejam mais longevas, estáveis e múltiplas.