-Imagem (Image_1.1816102)Não faz muito tempo que bebês e crianças gordinhas – aquelas bem bochechudas – eram sinônimo de desenvolvimento saudável. A magreza, pelo menos nessa fase, sempre foi vista com certa desconfiança. O avanço das pesquisas e a melhor compreensão das consequências negativas do excesso de peso na infância, entre elas a incidência de diabetes tipo 2 e puberdade precoce, colocaram a fofura na berlinda. Pesquisas do Ministério da Saúde indicam que 12,9% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos são obesas e 18,9% dos adultos estão acima do peso. Para fugir dessa estatística, a vendedora Ana Carla de Faria Quixabeira, de 39 anos, mãe de Vitor Hugo, de 9, procurou ajuda de uma nutricionista. “Notamos que o Vitor estava um pouco acima do peso. Procuramos uma profissional para nos auxiliar no processo de reeducação alimentar e o resultado tem sido ótimo. O melhor é que a nova rotina alimentar acabou influenciando a todos na casa”, conta. Vitor, que adora jogar futebol, já estava com dificuldades para correr por causa do excesso de peso.Um fator a mais para pais e responsáveis ficaram atentos ao problema é que crianças acima do peso têm mais chances de se tornarem adultos obesos e desenvolverem doenças crônicas como hipertensão. “É muito importante que a criança tenha um exemplo de alimentação equilibrada e saudável dentro de casa. Os pais devem ser o exemplo para os filhos. Se a criança tem uma consciência alimentar dentro de casa, de quantidade e qualidade, provavelmente fará boas escolhas também fora de casa. O importante é lembrar que não existem alimentos proibidos. A criança deve ser instruída a fazer escolhas saudáveis e conscientes”, explica a nutricionista Poliana Resende Mendonça, especializada na área materno-infantil.Mudanças no padrão alimentar que aconteceram com mais intensidade nos anos 1970 e 1980, com o aumento do consumo de alimentos processados e ultraprocessados, contribuíram para a má nutrição das crianças de hoje. Alimentos altamente calóricos, como os salgadinhos, as bolachas e os biscoitos, e açucarados, como os doces e refrigerantes, são tidos como vilões desse processo. “É muito importante os pais lembrarem que quem compra a comida que a criança vai comer são eles. Se ela anda mais cansada, não consegue correr por muito tempo, está comendo mais que o normal, preferindo apenas alimentos mais salgados e açucarados é sinal de que é preciso ajuda profissional”, orienta a nutricionista.Um problema é que pais e responsáveis com frequência não reconhecem o excesso de peso dos seus filhos e não raro têm percepção errada a respeito da qualidade da dieta da família. No geral, queixam-se ao profissional de saúde quando os filhos parecem comer pouco. Porém, os especialistas explicam que esperar a criança crescer para, então, emagrecer não é uma sábia escolha porque diversas doenças podem surgir logo na infância, além de problemas de autoestima, bullying, isolamento social, ansiedade e até queda no rendimento escolar.Na luta contra a obesidade infantil, pais e profissionais dialogam sobre dois pilares: um da alimentação e outro da atividade física. Estudos epidemiológicos mostram que crianças mais fisicamente ativas possuem menores índices de sobrepeso e obesidade. Já crianças que ficam mais de duas horas por dia em frente a telas, como dos celulares e tablets, têm o risco de obesidade aumentado. “Filhos de obesos têm o risco reduzido de se tornarem obesos quando praticam mais de 150 minutos por semana de atividade física de leve a moderada. Ou seja, o sedentarismo deve ser combatido desde a primeira infância. Criança saudável é criança que brinca, que se movimenta”, explica o médico nutrólogo Frederico Lobo.No caso do garoto Vitor Hugo, a paixão pelo futebol aliada à nova alimentação – na qual nada é proibido, mas opções mais saudáveis foram inseridas – tem dado bons resultados. “Ele é bem elétrico e adora atividade física, essa parte não foi difícil. Procuramos deixar a geladeira de casa mais saudável. O refrigerante ainda é um problema, mas estamos conscientes da importância desse esforço para a saúde dele no futuro”, conta Ana Carla de Faria Quixabeira, mãe do garoto.