Não foi sem incredulidade que li uma matéria sobre a nova tendência das redes sociais: postar uma foto com um livro clássico para ser mais atraente e parecer inteligente. E, saibam os desavisados, a moda até nome tem: performative reading — ou leitura performática. Que vivemos num mundo de aparências, isso não é mais novidade. Ainda mais nesse universo paralelo das mídias sociais, onde todo mundo tem dentes brancos e alinhados, dirige Porsche, passeia de iate e não sofre de prisão de ventre ou tem mau hálito pela manhã. Mas usar livros para impressionar não é algo tão novo assim. No fim do século passado, quando entrei na universidade e ainda não era um leitor voraz, lembro que sentia uma ponta de inveja de quem carregava pilha de livros. Via de regra, o livro do topo da pilha era algum título mais emblemático, como a biografia de um líder político, a compilação dos pensamentos de um filósofo ou um clássico da literatura. Se o pessoal de fato lia eu não sei, mas a atitude de carregá-los ao menos rendia comentários.