“Fica mais um dia em Lisboa!”, Amanda me disse, enquanto o trem para o Porto se aproximava. Eu respondi: “Vamos comigo para o Porto!”, enquanto o trem estacionava na estação. Rimos da vontade que sentimos de ficar mais tempo com o outro, igual quando éramos jovens e passávamos as tardes grudados. Vinte anos depois, ficamos a tarde toda juntos. Mas demoramos a expressar como fazia falta a nossa amizade. Foi o que eu quis dizer quando te convidei para ir ao Porto. Foi o que não saiu da garganta quando tive de me despedir. Amanda, eu não me lembro sobre o que falávamos quando ficávamos grudados. Você se lembra? E você me diria: “Nossa, Luca, tanta coisa”. E começaria a se lembrar de tanta coisa. Me contaria como nossa amizade havia começado. Que, primeiro, eu tinha sido amigo da sua irmã. E que nos aproximamos quando a Gabi sumiu, passou no vestibular ou se apaixonou por alguém.