São dores de extrema angústia, para as quais não existem palavras. Em seu nicho na lateral esquerda da Igreja Matriz, em Pirenópolis, Nossa Senhora das Dores simboliza o luto pela perda do filho crucificado na mais cruel tortura. Extrema provação justo para ela, que renunciou ao corpo ao assumir missão divina de conceber imaculada, santa, embora ainda humana. Quando carregada no andor pelas ruas da cidade, nas celebrações da Semana Santa, é que Nossa Senhora das Dores ganha força quase sobrenatural como símbolo máximo de renúncia, resignação, mesmo diante da pior perda. Nas procissões, movidas pela devoção, o silêncio solene só é interrompido pelo som das matracas e dos passos dos fiéis que caminham em filas, ou quebrado aqui e ali pela música melancólica da banda em breves momentos de pausa.