Um mês atrás, mais ou menos, na loja de chineses onde eu comprava luzinhas para minha árvore de Natal, uma mulher disse pra outra, perto de mim: “Fico louca pra esse tempo passar logo, é muita correria, muita agitação”. E a outra, “Ah, não, eu adoro tudo, a comida, as luzes na cidade, os encontros com os amigos”. Pensei comigo: ambas me representam. Tem dia em que eu acho toda a efervescência dessa época um tormento que me cava um buraco na alma, enquanto em outros dias fico alegre feito um passarinho de reencontrar pessoas, enfeitar a casa, fazer comida boa e receber meus queridos. Bipolaridade de final de ano. Muita gente fica mexida nessa época, com lembranças, perdas, dificuldades de agenda e convívio, sonhos mirabolantes, difíceis de realizar. Tem pra todo gosto. Há também os super entusiasmados, exagerados, imitando filme americano demais, com neves e renas mais improváveis que tudo. Por isso, talvez, volta e meia a gente depara com publicações do tipo “Como manter o equilíbrio nas festas” ou “Como evitar brigas no Natal em família”. Parece que fica todo mundo meio enlouquecido.