Em finais de semana especiais, algumas crianças do orfanato onde eu vivia tinham direito a alguns passeios, desde que acompanhados por um adulto responsável, ainda que não fosse parente. Os meus melhores domingos foram com Isidoro, o regente do Coral da igreja Presbiteriana de Anápolis, e a convivência ao longo dos anos nos aproximou de forma definitiva. Quis o destino que eu não conhecesse meu pai e que Isidoro não tivesse filhos. Assim, nossas carências nos aproximaram e me tornei uma espécie de filho adotivo nesses inesquecíveis finais de semana. A sua figura masculina compensava o vazio que nenhuma das minhas irmãs adotivas, professoras ou mesmo nossa mãe adotiva, dona Modesta, poderia suprir. Recordo com desvelo os nossos passeios. Já tive chance de dedicar uma crônica às virtudes do Isidorinho, a quem exaltei em minhas recordações comparando-o, até pela cor da pele, ao personagem homônimo que aparece nas memórias do poeta Murilo Mendes “Isidoro, ou o preto Isidoro. se diz hoje e sempre Isidoro da flauta”.