Pensei em encomendar a escrita desta crônica a Belisa Crepusculario. Ela afinal vendeu a um certo Coronel um discurso de tal forma eficiente, tecido com palavras tão “refulgentes e duradouras”, que depois de pronunciadas deixavam “atrás um rastro de esperança que permanecia muitos dias no ar, como a recordação de um cometa”. E quem sabe ela ainda me daria como brinde duas palavras de uso exclusivo. Antes de cogitar, porém, a aquisição das palavras, fiz as tentativas ordinárias diante da angústia da página em branco. Pedi a meu filho que me sugerisse um tema. O recurso costumava funcionar muito bem quando ele era pequeno e tinha aquela imaginação mirabolante das crianças. Sugeria-me os assuntos mais absurdos e disparatados que eu acabava acatando. Mas agora é adolescente e, quando lhe peço uma sugestão, mal se digna a me ouvir e a me responder com uma expressão de enfado.