Deu uma vontade imensa de desaparecer, sobretudo de mim. Atravessar um portal para outra galáxia, um buraco de minhoca, a tal dobra teórica no espaço-tempo que funciona como atalho para pontos distantes do universo, como no filme Interestelar. Tudo porque o que sumiu de fato foi R$ 1 mil em espécie da minha bolsa. Sei que ninguém mais carrega dinheiro assim, nesses tempos digitais de aplicações em criptomoedas. Mas aconteceu de receber um empréstimo e querer usar o valor nas contas e compras do dia a dia, por preguiça de ir ao banco depositar. Já temia, porém, perder as notas de 50 e 100, novinhas em folha. E perdi mesmo ou fui roubada, o que não muda o resultado do rombo no orçamento doméstico. O incidente não chega a ser funesto, apesar do prejuízo, mas me desmontou, fragilizou, porque me senti confusa, desorientada, culpada por ter deixado acontecer, mesmo ciente dos riscos, com uma raiva danada de ser tão descuidada e desatenta. Bastou para querer colo e, na falta dele, desejar sumir.