Envelhecer remete ao corpo e a todo arsenal de recomendações, procedimentos e intervenções para tentar frear ou reverter o processo de inevitável desgaste rumo ao fim. Passa, claro, pelo corpo porque é nele que a vida se faz, e junto com as experiências nele marcadas é que vamos ter que exercitar o desapego. Mais do que acumular, envelhecer é aceitar deixar ir, assimilar perdas, compreender que nada do que foi será e é bom que seja assim, com tropeços e surpresas, encontros e despedidas. Só que, claro, muitas vezes dói o corte, a ruptura, a separação, e como na canção Vida Passageira, do Ira!, a gente tem que chorar. “Quando seus amigos Te surpreendem Deixando a vida de repente E não se quer acreditar Mas essa vida é passageira Chorar eu sei que é besteira Mas meu amigo! Não dá pra segurar” Um artifício para pegar leve nas circunstâncias que nos atropelam com decepção, ausência, dor e tristeza, é pensar que tudo passa, aliás, fala recorrente de consolo. E passa mesmo, mas enquanto se atravessa, parece que nunca vai ter fim. Definitiva, a morte.