Começou no Araguaia, eu odiava ir para lá, não me identificava com nenhuma das crianças. Meus pais mentiam para mim dizendo que ficariam comigo, me fariam companhia, mas chegava lá e não passava de balela. Eu estava condenado a escolher entre os meninos que brincavam de esportes que eu não gostava ou com meninas que eram ensinadas a submissão, enquanto meus pais ficavam com os outros adultos. Nessa tenra infância, o meu pesadelo anual eram as férias de julho. O ambiente era uma fartura de ignorância e eu nem sei como percebia isso tão novo. Só notava que não me encaixava e lutava para não ir. Porém, pais negligentes formam jovens inadequados. Claro que me recusava a dar trabalho para eles ou para qualquer um, nunca achei elegante ser uma criança birrenta. Então aprendi ali mesmo, aos 7 anos de idade, que precisaria aturar gente que não gosto se quisesse sobreviver no mundo.