Quando criança, me intrigava a placa que aparecia nas portas do comércio nessa época do ano: “Fechado para balanço”. As lojas costumavam baixar as portas no fim de dezembro com esse aviso simples e definitivo. Não era figura de linguagem. Era trabalho braçal mesmo, espanando a poeira do estoque, funcionários com o lápis atrás da orelha, contas rabiscadas em livros grossos ou em papel pardo, caixas registradoras em silêncio, tentando descobrir onde, afinal, tinha ido parar algum item desaparecido ou não anotado pelos vendedores. Com o tempo, a expressão fugiu do comércio e passou a fazer parte do nosso cotidiano. No nosso depósito imprevisível de dias também é comum fazer um balanço geral, mesmo sabendo que “nem sempre a conta bate...” Ao fazer meu inventário particular, noto que realizei muitos dos projetos que tinha em mente no início deste ano, mas outros ficaram “em estoque”, promessas feitas em janeiro e agora vencidas.