A internet era discada, a paixão demorava mais. Não andávamos com celulares nas mãos quando nos apaixonávamos, não conversávamos o dia todo por aplicativos de mensagens, não postávamos fotos juntos, não stalkeávamos o outro, não. Nos víamos menos, vivíamos mais. Nas horas em que não estávamos juntos, eu brincava na rua, soltava pipa, jogava jogos de tabuleiro com os irmãos enquanto sentia loucamente a paixão. Era assim que a gente se apaixonava, vivendo mais. Eu estava de férias na casa do pai, namorando à distância uma garota que gostava de mim, mas não gostava da minha fé. Uma hora íamos terminar, eu sabia. Foi nas férias, trocando mensagens por SMS durante o dia, que ela me disse que queria conversar à noite, por internet discada. E eu a enrolei pelos dias seguintes dizendo que a internet não discava, que o modem havia estragado, que a linha do telefone da casa do pai havia caído…