Quando eu era moleque e queria me tornar cineasta, minha rotina era ver filmes e ler sobre filmes. Não era fácil encontrar bons livros sobre cinema no interior de Goiás (ainda que Silvânia tenha uma biblioteca pública muito boa, como sempre faço questão de ressaltar). Assim, eu dava um jeito de ir a Goiânia de vez em quando. Pegava uns trocados com minha mãe e circulava pelo Centro, pela Rua 4, entrando e saindo dos sebos. E encontrava coisas muito bacanas. Um livro importante para mim naquela época foi Esculpir o Tempo, de Andrei Tarkovski (tradução de Jefferson Luiz Camargo, editora Martins Fontes). Eu o reli há pouco tempo e posso dizer que discordo de muitas coisas que o cineasta russo afirma ali, mas, há 30 anos e agora, não se tratava e não se trata de “concordar” ou “discordar”, mas, sim, de estar aberto às ideias do sujeito e tentar compreendê-las o melhor possível.