Aristóteles disse que a arte imita a vida. Já Oscar Wilde teria dito que a vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida. Concordo com ambos. A literatura, enquanto arte, pode ir ainda mais longe do que emular a vida ou brotar de suas entranhas. Um bom livro pulsa, e há personagens mais vivos do que muita gente de verdade que anda por aí. Ao longo da minha trajetória de leitor, já cruzei com algumas dessas figuras. Ulisses, herói da Odisseia de Homero, por exemplo, tornou-se um grande conselheiro. Diante de situações desafiadoras ou de decisões que devo tomar, perguntar o que Ulisses faria no meu lugar geralmente me apresenta respostas. Sou capaz de ouvi-lo. Príncipe Hamlet, de Shakespeare, o pescador Santiago, de O Velho e o Mar, de Hemingway, e Macabéa, de A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, são três outras personagens que costumam encarnar à minha frente e dialogar comigo. E não, por mais que minhas palavras indiquem o contrário, (ainda) não estou louco. Pelo menos eu acho.