Dizem que a calça boca de sino surgiu com marinheiros norte-americanos, ainda no século 19. Não era por rebeldia nem por motivos estéticos. A calça apertada nas coxas e mais larga, dos joelhos para baixo, dava mais liberdade de movimentos e facilidade para calçar as botas de cano alto, um dos equipamentos de proteção individual usados pelos trabalhadores da marinha mercante. Na passagem dos anos 1960 para 70, do século passado, como sinal de rebeldia e irreverência juvenil, a calça boca de sino virou febre. Se não no mundo inteiro, pelo menos no mundo ocidental. Iporá não estava isolada nem isenta de captar a efervescência psicodélica daquela época, se não de fato, pelo menos, de aparência. Afinal, havia a banda de iê-iê-iê, de Zé Barbosa, que animava as matinês do salão paroquial, com as músicas dos Beatles, em versões propaladas por Renato e Seus Blue Caps, que a gente ouvia também pelo rádio. Sem contar a Banca do Chico Cabeludo, onde folheávamos a revista Sétimo Céu, quando o dono saía para resolver alguma coisa e deixava o cunhado tomando conta.