— Nem as santas podem mais envelhecer em paz. E quem diria que, quando chegasse a minha vez de ser velha, os velhos teriam de ser novos. — De que diabos você está falando? Você por acaso é santa? Está misturando velhos com alhos, digo, alhos com bugalhos. — Que expressão antiga. Falar assim revela a idade. Como cortar o 7. — Você está cometendo etarismo. — Nem etarismo nem santidade. Não comungo da crença nos milagres da medicina estética que promete juventude eterna, embora já tenha me submetido a umas agulhadas supostamente milagrosas. — Ah, então você confessa, pecadora? Eu bem desconfiava. — Confessar o quê? — Confessa que também comete o pecado da vaidade e faz procedimentos estéticos para parecer mais jovem? — Uai, até faço, mas não novena ou jejum intermitente. Não pago promessa e penitência, ou choro lágrimas de sangue por envelhecer, até porque chorar demais, dizem, enruga. E ainda não entrei na faca. Nem santas estão chorando mais lágrimas de sangue. Você viu a imagem da Nossa Senhora das Dores lá na Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário de Pirenópolis?