O rapaz com brinco na orelha esquerda, tom de pele caribenho, cabelos encaracolados, senta-se e abre o notebook conectado à televisão de tela grande. Usa tênis, calça e camiseta meticulosamente informais. O ar quase de descompromisso — como cabe àqueles que precisam informar familiaridade, estratagema que confere autoridade a quem vai falar — antecede a apresentação da grande novidade que reúne aquele público ávido. É o “cara da IA”, atual versão daqueles que, nos anos 1990, eram os “rapazes do computador”; nos anos 2000 se tornaram os “meninos da informática” e na década seguinte evoluíram para o “time de TI” — e assim, de upgrade em upgrade, viraram os donos do mundo. A cena remete à visão de José Arcadio, um dos Buendía de Cem Anos de Solidão, diante do gelo pela primeira vez. Ao tocá-lo com as mãos, o patriarca da família exclama, maravilhado: “É o maior invento do nosso tempo”.