Dez anos na indústria audiovisual e eu já perdi as contas de quantos sapos digeri. Se sapo fosse afrodisíaco, eu estaria dando workshops sobre prazer inusitado. Mas, diferente de um prato exótico, engolir sapo aqui é rotina. É aquela refeição diária que, se você não aprende a digerir, acaba com uma baita azia de autoestima. Eu achava que lidava com os privilegiados antes de entrar nesse meio, mas a verdade é que eles eram só o aperitivo. O audiovisual? Ah, esse é o prato principal. Aqui a ambição cozinha em fogo alto e o desespero é o tempero secreto. A primeira coisa que descobri é que criatividade, por si só, é um truque de mágica sem plateia. Você acha que vai sair transformando ideias em ouro, mas, quando vê, está transformando café em madrugadas de ansiedade e reuniões intermináveis. O truque é aprender a jogar o jogo, mas ninguém te explica as regras. Você começa achando que é um tabuleiro de xadrez, cheio de estratégias e movimentos calculados, mas na verdade é mais uma partida de truco, onde todo mundo blefa, e quem ganha não é o mais talentoso, mas o que grita mais alto.