Olho, pelos janelões quadriculados – por causa de uma tela – da biblioteca da Universidade Federal, o sol tímido afastando o cinza que cobre a manhã de quinta-feira. Alunos passam ao lado da mata, que sorri o verde pintado pelas chuvas dos últimos dias. Neste mesmo jornal que está em suas mãos – ou, mais provavelmente, na tela do celular ou do computador –, leio que um antigo conhecido passará por uma harmonização facial. Aliás, é uma alteração mais profunda, com lipoescultura, preenchimento, skin care, facelift completo e banho de loja. É o velho Serra Dourada. Aos 50 anos, apresenta sinais de envelhecimento precoce: coração com marcapasso, musculatura flácida, calorões, incontinências, artrites atrozes, osteoporoses e toda sorte de dores nas juntas. Carcomido e abandonado, vítima do Alzheimer coletivo, o outrora gigante do Cerrado será remodelado, conforme explica a reportagem. O procedimento completo custará uma fortuna, mas, dizem, devolverá a ele as glórias de outrora.