No restaurante, em Vilarinho, tinha fotos dos irmãos gêmeos por todas as paredes. E elas contavam uma história só: a dos gêmeos felizes. Nas fotos eles se abraçavam e riam com — o que imagino que fossem — moradores, clientes fiéis e celebridades da região que passavam por ali. Os gêmeos eram os proprietários e a atração do lugar, eu pensava enquanto olhava para cada uma das fotografias emolduradas nas paredes. Em todas, absolutamente todas, eles pareciam gêmeos felizes que não brigavam. Como eu e o Henrique éramos para as pessoas que nos viam pelas fotos: os gêmeos felizes que nunca brigavam. Fazíamos graça com as semelhanças, com as diferenças, mudávamos de lugar antes de tirar a fotografia, ensaiávamos poses ao lado das namoradas, dos amigos, armávamos uma cena divertida para as lembranças que queríamos guardar. Depois seguíamos, cada um da fotografia, para as suas vidas reais.