Naquela época, o 31 de julho me trazia sempre um bilhete premiado, pois era portador de alegrias ingênuas e juvenis. Essa era a data do aniversário de Sant’Ana das Antas, minha querida Anápolis, onde passei parte da infância e da adolescência e de onde trago memórias anciãs. Eu me lembro bem do momento mais alto das celebrações. Naquele dia, íamos meus primos e eu a um último passeio das férias: a feira de agricultura e pecuária de Anápolis, ou simplesmente, Pecuária. As alegrias que ali vivíamos passavam por assistir aos rodeios e passear pelo parque, vendo os animais e vez por outra nos dando o direito de saborear uma guloseima à venda. Restavam-me minguados cruzeiros do pouco que eu angariava à época, seja pela generosidade de minha avó Cecília, seja por meu trabalho, vendendo na feira as verduras colhidas da horta do Abrigo. Essa foi uma oportunidade que tivemos de nos exercitar como pequenos empresários, fruto direto da educação que nos proporcionavam dona Modesta e seu Roque, então dirigentes do orfanato, com valores importantes à formação do caráter e da cidadania dos “meninos do Abrigo”.