Lancei meu primeiro livro infantojuvenil. Alguns dias antes do evento, no entanto, fui tomado por um mau presságio. E tudo por causa de um sonho da minha mulher: meu lançamento tinha sido um fiasco. Ninguém, além dela, do nosso filho e da minha mãe, havia comparecido. Ri quando ela me contou. Mas acho que foi de nervoso. Porque até o dia do evento eu não conseguia tirar aquele maldito sonho da cabeça. Aumentei a dose do Rivotril, mas sem sucesso: fiquei mesmo preocupado com aquela possibilidade. Não dormi direito na noite que antecedeu o lançamento. Revirava na cama pensando na livraria vazia, nas caixas cheias de livros que traria de volta para casa e na cara de decepção da dona do local. Também pensava nos meses que havia dedicado à escrita do livro. Cheguei até a cogitar se escrever seria mesmo um trabalho ou um hobby que tento levar a sério.