Estrear uma coluna com um título deste é de lascar, reconheço. Mas antes que algum hater me cancele, alerto: é brincadeira. O filósofo francês René Descartes tem todo meu respeito. Afinal, uma inteligência capaz de formular o método científico não é para qualquer mortal. Meu problema está no tal cogito ergo sum. Será que eu só existo porque penso, mesmo? Sempre tive certeza que sim. Embora emotivo até as tampas, do tipo que chora com comédia romântica, sou tão racional que nem eu me aguento. Achava que sofria de transtorno bipolar ou tinha dupla personalidade em virtude dessa ambiguidade até então inexplicável. Há alguns anos, no entanto, vi a luz: vivi uma experiência de quase-morte intelectual. Descobri o livro A Literatura como Remédio – Os Clássicos e a Saúde da Alma, de Dante Gallian. Nele, o autor apresenta o Laboratório de Leitura, vivência de humanização pelos livros surgida em 2003 na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo para humanização do ensino da saúde e hoje aplicada em diversos âmbitos.