A mãe passou a vida dizendo que meu pai precisava de tratamento. A gente só acreditou quando ele morreu. O pai precisava de tratamento, mas, quando me ligava no meio da semana para combinar a bebida do sábado, se eu tivesse outros planos, mudava a programação para beber com ele. No sábado de manhã, antes de ir pra casa do pai, eu passava na mãe, tomava um café, abraçava os avós e depois seguia. Fazíamos assim, passar na mãe antes de ir pro pai, porque por muito tempo ela sofreu com medo de que virássemos alcoólatras como os homens da família. Ela não gostava do bafo de cerveja. Odiava aquele cheiro. E nas primeiras vezes em que passamos na casa dela depois de beber a tarde com o homem que tinha prometido ser feliz para o resto da vida com ela, a mãe não ficou bem. “Eu tinha medo de que vocês repetissem o seu pai”, ela disse coisas assim.