O rapaz gritava que seu sonho havia sido destruído, que sua vida tinha acabado, algo assim. Não sei. Não quero saber mais. Alguém havia batido em seu carro. Não sei se era novo, se era usado, se era um presente dos pais, se foi comprado após anos de trabalho. Não sei. Não quero saber mais. Foi mais um desses vídeos que a gente vê por aí. Vê, mesmo quando não quer ver mais. As pessoas riam, comentavam: garoto mimado. Faziam comentários ainda mais cruéis. Não lembro. Não quero lembrar mais. Eu também rio de imagens de pessoas que desconheço, às vezes em situações tragicômicas. Até acho graça de memes, de piadas mórbidas e de mau gosto, inspiradas nelas. Já dizia Luis Fernando Verissimo que “o homem é o único animal que ri dos outros”. Eu também sou humana. Portanto, rio. Hoje, menos. Já ri mais.