Ela queria muito ter um homem para chamar de seu, a posse já denunciada no verbo e no pronome. Mas como os pedidos podem ser atendidos em demasia, talvez por erro de cálculo da sorte, o homem com o qual se envolveu por puro acaso, sobre quem quase nada sabia além dos galanteios e declarações da fase inicial de apaixonamento, era muito mais possessivo do que ela. Sufocava com ligações e chamadas de vídeo a todo momento, e ai dela se não atendesse de imediato. As terríveis suspeitas de traição resultavam em longas e cansativas queixas e discussões. Foi ficando exausta e até assustada, diante de gritos e até ameaças. Decidiu terminar para ter paz. Mas, de novo, o excesso, que não favoreceu a tão sonhada tranquilidade interior. Era sossego demais sem aquele tormento de admiração quase servil, sem os presentes constantes por nada que não fosse ganhar sua atenção agradecida, notou que se ressentia até por ter ficado livre das DRs. Um vazio insuportável que a fez querer de volta o que deixou partir, mas aí, cadê comentário ou curtida nos posts em rede social quando desbloqueou o digníssimo? Nenhum sinal.