Dois mapas são sustentáculos para Subdesenvolvimento Linear (2021), obra do artista goiano Talles Lopes que integra a exposição Histórias Brasileiras, no Museu de Arte de São Paulo (Masp). O primeiro é referente ao período da Era Vargas, elaborado como um pôster de propaganda política da Marcha para o Oeste (1938). Já o segundo é o mapa de Importação e Exportação presente no Atlas do Brasil (1960), publicado no governo JK.Na obra criada pelo anapolino, o Brasil litorâneo difere do seu interior, ilustrado por formas gráficas que parecem se mover na tela. Trata-se de uma ilustração em aquarela e nanquim sobre papel. “As políticas de colonização do interior do País para o avanço da fronteira agrícola e para a inserção dos demais territórios ao sistema produtivo do País, bem como o resgate do bandeirante como herói nacional ressoam nas proposições gráficas dos mapas”, explica Thalles.O desenho do artista integra a coletiva Histórias Brasileiras, que entrou em cartaz na última semana e segue aberta até o dia 30 de outubro. A exposição apresenta histórias fragmentadas, contraditórias e complexas de artistas de diversos Estados que revisitam a historiografia nacional no ano dos 200 anos da Independência do Brasil e 100 anos da Semana de Arte Moderna. São mais de 400 projetos, desde pinturas, desenhos, fotografias, vídeos, instalações, jornais, revistas e livros, a documentos, esculturas, bandeiras e mapas.A pergunta que a mostra faz é: quais são as narrativas e personagens a serem celebrados e estudados? Quais têm sido esquecidos de maneira proposital? “A ideia da investigação é pensar em como esses mapas de diferentes períodos se convergem para leituras comuns que reforçam certos discursos de dominação, de uma ideia e colonização, ocupação ou exploração do Brasil em relação ao próprio Brasil”, aponta Talles sobre a elaboração de Subdesenvolvimento Linear.De Anápolis, cidade localizada entre duas capitais projetadas no século 20, Goiânia e Brasília, Thalles Lopes sempre manteve o interesse em linhas arquitetônicas, cartografia e urbanismo tático. Não é por menos que o goiano se jogou nos estudos de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Estadual de Goiás (UEG). O mapa, em seus trabalhos, ocupa lugar central nos discursos narrativos.A participação na mostra do Masp se deu a partir de uma exposição individual intitulada Colonial Osis que ele realizou em novembro de 2021 em colaboração com a portuguesa Kubikgallery, dentro do Espaço C.A.M.A, em São Paulo. Na ocasião, um dos profissionais que visitou a abertura da exposição foi o ex-curador do Masp, Tomás Toledo. A obra de Thalles integra o núcleo intitulado Bandeiras e Mapas, no primeiro andar do museu paulistano, sendo oito no total, a exemplo de Paisagens e Trópicos, Mitos e Ritos e Rebeliões e Revoltas.Em 2019, Thalles Lopes participou com uma instalação na mostra Vaivém, no Centro Cultural Banco do Brasil, de São Paulo. Os trabalhos do artista também passaram pelo Museu Nacional Correios, em Brasília, na exposição Fronteiras da Pintura, Fronteiras da Ilusão. O artista está com obra exposta no Salão Nacional de Arte Contemporânea de Goiás, no Centro Cultural Oscar Niemeyer.-Imagem (Image_1.2519851)